terça-feira, 12 de março de 2013

Nova York - 8º dia - Washington D.C.

8º dia - 28/02 (quinta-feira)
Uma semana em NYC? Vamos mudar um pouquinho de ares? Hora de pegar a estrada pra Washington D.C.

Primeiro, vou admitir uma coisa: até um tempo atrás, achava que a capital do país ficava no estado de Washington, do outro lado do mapa. Por isso, seria o último lugar dos EUA que pensaria em conhecer. Os americanos não sabem nada de geografia do resto do mundo, quem dirá do Brasil, eu não preciso saber de "tudo".

Bom, mas Washington (Distrito de Columbia) fica a 370km de Nova York, o que dá 4h30 de ônibus. A ideia inicial era fazer o percurso de trem, que é um pouco mais rápido e tem seu charme. Ida e volta custa US$ 98. Até estávamos considerando pagar isso, mas daí descobri que existem ônibus que fazem o trecho por bem menos que isso. 

A empresa Megabus foi uma ótima descoberta. Eles têm passagens a partir de US$ 1! Mesmo! O Charles achava que era furada e estava preocupado com a minha segurança e tal. Daí fui ler opiniões sobre a Megabus na internet. Reclamam muito dos atrasos, mas quase todo mundo que resolve escrever uma opinião sobre algum serviço é para reclamar.

Decidimos pegar o ônibus da 1h15, para chegarmos a Washington às 5h45. Eu pensava em sair de manhã bem cedo, mas minha irmã insistiu em viajarmos de madrugada, para termos o dia inteiro na cidade. De fato, foi o melhor, se não, teríamos chegado perto do meio-dia e só teríamos a tarde para conhecer Washington. O ônibus saiu de Nova York com meia hora de atraso e chegou a Washington às 6h30. Então, atrasou um pouco, mas nada demais, e o ônibus é bem bom, novo, com wifi, dois andares. Ah, não pagamos só US$ 1, ida e volta saiu US$ 32, porque compramos só uma semana antes. Mas eu e o Charles já compramos para ir de Houston a Nova Orleans, mês que vem, e pagamos US$ 2 para cada!

Até que conseguimos dormir na viagem. Chegamos e fomos tomar café, na Union Station, por onde o ônibus chega, uma grande estação (de ônibus e trens), linda, com banheiros limpos, bons lugares para comer, nada a ver com as nossas rodoviárias. O piso é de mármore e o teto tem ouro.

Union Station

Tínhamos algumas indicações do que conhecer, passadas por uma amiga da sister, mas ia ser muito difícil fazer os passeios em um dia por conta própria. Enquanto tomávamos café, pesquisamos na internet tours pela cidade. Dando uma andada pela estação, esbarramos com alguns desses serviços. Basciamente, tínhamos duas opções com saída da estação: um ônibus daqueles abertos em cima, com explicações gravadas (BigBus Tours), que custa US$ 45, e um ônibus elétrico mais antigo, com explicações dadas ao vivo pelo motorista (Trolley Tour), por US$ 39. Ambos permitem fazer várias paradas para visitar os lugares, e um próximo ônibus passa 30 minutos depois. A primeira saída é às 9h e a última, às 17h.

Eu preferia não gastar tanto, mas era a melhor opção para só um dia na cidade (e tínhamos economizado com o ônibus). Escolhemos o Trolley, pelo charme do ônibus, por ter explicações ao vivo e por ser um pouco mais barato. Para quem não entende direito inglês, não é a melhor opção, pois os motoristas, que são também os guias, só falam inglês, e falam rápido. O outro ônibus (BigBus) tem as explicações gravadas em espanhol, em português acho que não. Os motoristas são muito simpáticos, alguns mais engraçados, outros mais discretos (a cada parada, na volta, era um outro motorista).


A sister e o trolley, em frente à Union Station.

Saímos no primeiro trolley, das 9h. E logo se vê que Nova York e Washington não têm nada a ver. A maior diferença, para mim, é a altura dos prédios. Washington tem uma lei que não permite construções com mais do que uma determinada altura, então os prédios não são altos, e vê-se bastante o céu por lá. Diferente de NY, com seus tantos arranha-céus - quer dizer, Manhattan, não dá para dizer que toda Nova York é assim. Além disso, as ruas não são muito movimentadas em D.C..

A cidade, fundada em 1791, tem uma população de 600 mil habitantes, e mais uns 400 mil vão diariamente à cidade para trabalhar. 60% da população é afro-americana. Para constar, a população dos EUA é de 308 milhões. O local foi escolhido para ser a capital dos EUA por George Washington, presidente da época (como comentei no 6ª dia, a posse do presidente foi feita em Nova York, em 1789, quando não havia uma capital fixa), e então a cidade foi construída.

Nossa primeira parada foi no Capitólio, onde funciona o Congresso Americano, formado pelo Senado e pela Câmara de Deputados (chamado de Casa de Representantes). São 100 senadores, dois de cada estado, e 435 "deputados". O número de deputados por estado depende da população. O Texas tem 32 representantes, ficando atrás apenas da Califórnia, que tem 53. O Texas, como não poderia deixar de ser, tem um enorme prédio para seus representantes, "Texas, rigth?", ou algo parecido, diria o guia do ônibus sobre a fama de grandiosidade do "Lone star state".

Capitólio, casa do Congresso americano.

Capitólio.

Quando a bandeira está hastiada, é porque a casa está em sessão.

Ali pertinho fica a Bibioteca do Congresso. Vendo agora fotos do interior, queria ter entrado :( É só a maior biblioteca do mundo. São 144 milhões de itens!

Biblioteca do Congresso americano.

Fizemos a volta no Capitólio o mais rápido que pudemos, para conseguirmos pegar o próximo ônibus, ou seja, tínhamos 30 minutos, e não é uma voltinha pequena. E essa foi a tônica do dia. Tínhamos que ser rápidas e ficar de olho no relógio para podermos visitar o máximo de lugares.

Depois, fizemos a parada no Memorial a Thomas Jefferson, principal autor da Declaração da Independência dos Estados Unidos (em 1776) e terceiro presidente, de 1801 a 1809. Pegamos o bus de novo e descemos no próximo memorial, perto dali, o memorial ao Daniel Day-Lewis, quer dizer, ao Abraham Lincoln, presidente de 1861 a 1865, ano em que foi assassinado, quando era ainda presidente.


Memorial a Thomas Jefferson.

Memorial a Thomas Jefferson.

Thomas Jefferson e Maúcha.
 
Memorial a Abraham Lincoln.

Abraham Linclon

Obelisco, Maúcha e o cara feliz vendo o Lincoln.

Nessa útima foto, lá no fundo aparece o obelisco, no meio aparece a Maúcha, e apesar de ambos serem muito importantes, o mais legal é esse cara, que acho que era um pai levando os filhos, ou filho e amiguinhos, pra conhecer o memorial. Ele estava animadíssimo vendo o Lincoln. Ficou claro que significava bastante pra ele, assim como acho que significa para os americanos. Por isso esses grandes memoriais ao seus maiores líderes/ heróis.

O obelisco, que se vê de várias partes da cidade, é um monumento em homenagem a George Washington. É o mais alto obelisco do mundo. Quando foi inaugurado, em 1888, era a construção mais alta do mundo, mas foi ultrapassada pela Torre Eiffel, um ano depois.


Obelisco em homenagem a George Washington.

Nossa próxima parada foi o Cemitério Nacional de Arlington. Não pretendíamos entrar, porque não íamos achar os "túmulos famosos", mas o cemitério tem um mapa e placas, e assim conseguimos chegar ao túmulo do presidente John Kennedy e família. Além dele, que morreu em 1963, estão lá o corpo da Jaqueline Kennedy Onassis, falecida em 1994, de um filho e de uma filha nascida morta em 1956, contando a data de "nascimento" e "Daughter" (filha).

O cemitério é gigante e muito organizadinho, tive que fazer um vídeo.



E então, chegou a hora de conhecer a Casa Branca. Na última semana, os jornais por aqui noticiavam o fim do tour pela Casa Branca, até novo aviso, como medida de economia. Mas isso não quer dizer que fomos antes, tivemos sorte e entramos na Casa Branca. Isso nem nos passou pela cabeça. Só vimos pelo lado de fora da "cerca". Pelo que li, até 2001, havia uma cota diária para visitas, e os primeiros que chegavam conseguiam entrar. O sistema mudou após o 11 de setembro. Até semana passada, para fazer a visita, o cidadão deveria procurar o escritório de seu representante (deputado), que tinha algo como uma cota de tours. Então, o representante agendaria a visita num dia e horário específicos. O tour permitia acesso a oito salas.

The White House.

The White House and the girls.
 
A outra entrada da Casa Branca.

A Michele mostrou que não está preparada para a posição de primeira-dama, porque não se mostrou uma dama, e furou o nosso chá. Depois dessa, fomos almoçar. Como disse um dia desses, em Washington tem comida por quilo (por pound)! Muito bom comer "comida de sal" e poder servir o que quiser.

E depois do almoço, aquele adesivo laranja que estamos usando ajudou, porque ele serve para, se preciso, o motorista parar fora do lugar indicado. Na verdade, estávamos no lugar indicado no mapinha deles, eles que estavam errados...

Seguimos para a Catedral Nacional, a sexta maior catedral do mundo. É anglicana e é preciso fazer uma doação para poder entrar. Fica numa região bem de elite da cidade, perto de onde fica a casa do vice-presidente. Ao lado da catedral, há uma escola para meninos de quatro a doze anos, filhos de "gente poderosa" e que já formou notáveis (como o vice-presidente Al Gore, um astronauta, etc). A 1km dali fica a escola onde as filhas do Obama estudam (mas não passamos por ela).

National Cathedral
 
National Cathedral
 
St Albans School
 
No caminho para a próxima parada, fica uma região cheia de embaixadas do mundo inteiro, afinal, é a capital dos Estados Unidos. E a planejada próxima parada virou só passada. Pensamos em descer em Georgetown, um bairro histórico, mas na hora estava chovendo um pouquinho, estávamos cansadas e o resto do tour ia ficar apertado, pois já se aproximava das 17h.


Embaixada brasileira

Georgetown


Depois disso, paramos na Central de Turistas, olhamos as lojinhas de souvenirs, demos uma entradinha no Hard Rock Café, passamos pelo local onde Lincoln foi assassinado (um teatro), e pegamos o trolley de volta para a Union Station, chegando lá por volta das 17h. Nosso bus pra NYC partia às 19h30, então pudemos comer e dar uma conectada antes de partirmos.

Nem falei de nenhum museu, porque não fomos em nenhum, mas os principais são (existem outros ainda) Museu da História Americana (indicado pelos motoristas do trolley como o melhor), Museu de História Natural (considerado por alguns melhor que o de NYC), Museu do Ar e Espaço, Museu do Holocausto, Museu do Índio Americano e Galeria Nacional de Arte.

Ah, e diz que o zoológico da cidade é lindo, inclusive, ano passado nasceu um ursinho panda! dum casal de pandas criados lá, algo, como se sabe, raro. Mas o que o guia não falou, e que descobri agora, é que o filhotinho morreu uma semana depos :'( A entrada é de graça, mas o zoo fica bem longe do centro da cidade e a estação de metrô ou a parada de ônibus não ficam tão perto e é preciso uma boa caminhada.

Para quem quiser conhecer Washington com mais calma, visitar os museus e etc., vale ficar dois dias. Uma dica é fazer isso no início da viagem, antes de fazer compras, para não complicar o transporte de malas para Washington e depois de volta para Nova York. Eu recomendo ficar dois dias em Washington e oito em Nova York, mas se fosse uma viagem de uma semana, não ficaria só cinco dias em NY.


Amanhã, de volta a Nova York!

4 comentários:

  1. Tá, acho que hj não tenho nada a comentar...

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  2. Bah, esse post foi muito esclarecedor pra mim. Cheguei a pesquisar viagens de bus pelos States (pois tenho pânico de avião, e só ando em último caso) e tinha lido que só vagabundos e criminosos andavam de bus. Por mim tudo bem, mas enfim, pelo que vi, mesmo assim são melhores que os nossos! eheheheh. E pesquisei sobre trem, pois cogito ir de NY até Los Angeles de trem (dizem que são três dias), mas não tenho ideia de preço. Enfim, também dizem que alugar carro aí é barato, e numa dessas vale até comprar um (meu primo diz que comprou um scort 1997 por menos de mil dólares quando morou em San Diego, do outro lado do país). E só pelas fotos já da pra ver adiferença de DC pra NY. E o cemitério parace aquele dos filmes! uedhuheuheuheu. fiquei curioso pra conhecer. A filha do Erico Verissimo, a Clarissa, que mora em Washington, se tudo der certo, pretendo visitar ela.
    Abração e parabéns pelo blog! Também estou lendo aos poucos, pois sempre quando estou no embalo a Lari vem aqui pedir pra eu brincar de Patati Patatá..auhauahua.

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    1. Os ônibus que pegamos - NY-WA-NY e NY-NJ-NY - foram bem tranquilos e "bem frequentados" Até conhecemos um ator (papel secundário ou terciário rss) duma série nova do Kevin Bacon, The Following, que dá na Fox, na fila do bus pra Washington.
      New York e uma exceção nos EUA, pois tem ótimo transporte público, e não sei como é garagem/estacionamento. Mas pra ti que vai ficar um ano, vale considerar o carro. Me ofereceram um Focus 2003 por U$2.500, diz que não é muito burocracia, e que não é tão difícil revender depois. Mas dirigir sozinho de NY a LA deve ser brabíssimo.
      Obrigada pelo apoio de sempre!

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  3. sim! meu primo que morou em san diego disse que comprou um scort 97 por U$700. mas R$2.500 é muita barbada (aqui se compra um fusca com esse dinheiro!) auhauha. li o "fé na estrada", do dodô azevedo, que fez a viagem seguindo a trilha do "on the road", do Kerouac. é brabo mesmo, ninguém mais faz isso hoje em dia, mas não descarto..auhauha. abraço!

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