segunda-feira, 29 de julho de 2013

Do outro lado do Rio Grande, Nuevo Laredo

Depois do 4 de julho, era hora de dar adeus aos Estados Unidos. Quase seis meses depois, deixei o Texas para trás. Foi muito bom estar lá, mas não senti nenhum pouco em ir embora... Estava ansiosa em conhecer o México, e depois, em voltar para o Brasil. Nosso próximo destino era Nuevo Laredo, a fronteira mais movimentada entre México e EUA e uma das regiões mais violentas do mundo (leia aqui).

Travessia EUA-México
Ainda do lado americano
Bienvenido a México!
A passagem pela fronteira foi tranquila. Vindos de San Antonio, fizemos uma parada em Laredo, ainda do lado texano, e seguimos para a cidade vizinha. Na fronteira, eles param todos os ônibus, mas a revista é por amostra. Perguntaram se alguém se voluntariava para ter a bagagem revistada, e um homem se ofereceu. Ele desceu e ainda passou por um tipo de sorteio, que diria que se ele precisaria mostrar seus pertences ou não. Ele voltou sorridente para seu lugar dois minutos depois, já que não precisaria passar pela revista.

Logo, entrou um policial com um cachorro, a Cusca, que cheirava as mochilas. Já pudemos comprovar que os mexicanos são animados, pois eles riam de todo o processo. A Cusca foi embora. Em seguida, entrou uma fiscal olhando os passaportes, para ver se havia estrangeiros. Um certo casal brasileiro, então, precisou descer e passar no escritório da imigração para fazer um registro de entrada. Com nosso visto americano, pudemos entrar tranquilamente (como eu sabia que meu visto, de certa forma, estava vencido, não estava tão tranquila assim, mas foi tudo bem. Esse tal visto volta à cena na volta ao Brasil, aguardem!) Além de nós, acho que só uma outra mulher não era mexicana, mas também não parecia americana, pelo espanhol.

Com a permissão para ingressar no México
O famoso Rio Bravo, para o mexicanos, ou Rio Grande (em espanhol mesmo), para os americanos, local em que tantos já perderam a vida tentando cruzar para os Estados Unidos, parece inofensivo - nem bravo, nem grande. Nós, fizemos o caminho contrário, e cruzamos para o México.

 
Na entrada no México, fomos informados de que teríamos que pagar 295 pesos mexicanos na saída do país, e já tínhamos deixado o dinheiro reservadinho. Mas, como fomos embora do país de avião, não foi preciso pagar, pois o valor é incluído nas passagens aéreas (nas taxas do aeroporto).

E quanto é MX$ 295? Importante saber daqui por diante... Bem, nas casas de câmbio, a cotação era 11,50, 12,00, ou seja, com US$1, comprávamos MX$ 12. O valor de conversão do banco (Citibank) cobrada nas compras com cartão era de 12,50. Mas, para facilitar, fazíamos os cálculos como se fosse 10,00. Assim, MX$ 295 seriam 29 dólares, mas na verdade é menos, 23 dólares. Para saber o valor em reais, fazíamos o cálculo como se o dólar estive 2 reais, também para facilitar, mas o dólar estava uns 2,30. Mas, resumindo, se fizéssemos o dólar valendo 10 pesos e 2 reais, no final o valor dava mais ou menos certo. Os tais MX$ 295 são R$ 55. Nunca convertíamos direto pesos para reais, principalmente porque o dinheiro que estávamos usando lá era o que sobrou da minha bolsa, recebida em dólares, via conta americana. Mas, a título de informação, com R$ 1 se compra um pouco mais de MX$ 5, ou, cada peso mexicano custa um poquinho menos que 20 centavos de real.

Cédulas homenageando dois símbolos mexicanos: Frida e Diego, que voltam à cena no post da Cidade do México.
Nuevo Laredo - 5 e 6 de julho (sexta-feira e sábado)

O que mais nos chamou atenção na cidade foi o número de policiais e seu armamento pesado. Questionamos várias pessoas por que disso e o que achavam. Nos explicaram que era a polícia do Exército mexicano que estava protegendo a cidade, pois os policiais civis estavam todos corrompidos pelos "malos", especialmente os traficantes, e foram todos mandados embora. Além disso, o policiamento estava reforçado porque no domingo haveria eleições na cidade. Esse também era o motivo para o site do sistema de transporte, por exemplo, não estar disponível - já que o prefeito atual estava tentando se reeleger e esse tipo de servio seria propaganda a ele.

Forte policiamento na cidade
Não parece, mas a população da cidade é de 375 mil pessoas. Nuevo Laredo foi fundada em 1848 - depois que o Texas passou a integrar os Estados Unidos -, por um grupo de 17 famílias que haviam ficado do lado americano e que não queriam deixar de viver no México. Vindas de Laredo, criaram Nuevo Laredo.

A cidade não tinha propriamente pontos turísticos, simplesmente passeamos por lá para conhecer e ver um pouco como é a vida na fronteira. Também provamos a legítima comida mexicana, que teve bons e não tão bons momentos. Já saí da primeira cidade meio enjoada de tortillas (é como uma massinha de panqueca), pois toda a refeição tem, seja como base para os tacos, seja como acompanhamento, fazendo tipo o papel do pão para nós. Mas o café da manhã, comprado numa padaria e tomado na praça, estava ótimo, com pães e doces gostosos e baratos.

Nuevo Laredo
México!
Símbolo do México: águia comendo uma serpente



Rio Bravo e, ao fundo, EUA
Rio Bravo
Em Nuevo Laredo, já percebemos a fama de cantores como Roberto Carlos, Michel Teló e Gusttavo Lima. Numa loja de acessórios para celular, inclusive, o vendedor fazia questão de colocar o som alto para compartilhar a playlist de cantores brasileiros. Na versão da esposa dele, o refrão do Teló ficou "moça, moça, assim você me mata"... Muito diferente do desinteresse dos americanos.

Não ficamos para o dia das eleições. Achávamos que iríamos acompanhar o clima de festa da democracia em Guadalajara, destino em que passaríamos o domingo, mas não. Eleições só no estado de Tamaulipas (onde fica Nuevo Laredo). Em Jalisco (estado do qual Guadalajara é capital), nada.

No próximo post, então, conto das nossas aventuras na terra da tequila! !Hasta!

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