domingo, 3 de fevereiro de 2013

A novela do visto

Fazer o visto americano para estudante (J1) é um trauma na minha vida. Vou contar porquê.

Como falei no outro post, minha incomodação começou na hora de conseguir o DS2019, que demorou seis semanas para ser expedido pela universidade americana, bem mais do que eu imaginava. O primeiro passo para conseguir o visto J1 é ter esse formulário. Enquanto não se obtem ele, não há nada para fazer em relação ao visto propriamente.


Bom, após estar com o formulário (depois dessas seis semanas de ansiedade), o processo é quase o mesmo do visto de turista. É preciso preencher o formulário DS-160 (aqui); pagar a taxa (aqui - criar conta), de 160 dólares; e agendar horário no CASV (Centro de Atendimento ao Solicitante de Visto) e no consulado americano. No CASV, eles conferem apenas a confirmação do preenchimento do formulário e a confirmação do agendamento da entrevista, que devem ser levadas impressas, tiram foto e coletam as digitais. A entrevista no consulado não pode ser no mesmo dia, e daí, além desses documentos, deve ser levado o(s) comprovante(s) de pagamento da(s) taxa(s), o DS2019, no caso de visto J1, e qualquer documento que possa ajudar a mostrar que você não ficará nos Estados Unidos após o período estipulado (não costumam pedir, mas é bom estar precavido com comprovante de vínculo de trabalho, imposto de renda, etc). Para o consulado de São Paulo, o tempo de espera para agendar horário estava entre 1 e 3 dias.


Formulário DS-160

Sobre como preencher o formulário DS-160, há vários blogs que ajudam. Há alguma questões que a gente fica em dúvida de como preencher, mas na verdade não é nada tão complicado. Depois de preencher para mim, para meu marido, para minha irmã e para mim de novo (havia preenchido antes de ter o número de DS2019, e daí ele expirou depois de um mês, pois não completei), passei a achar o formulário bem simples.

*Fui com meu marido a São Paulo em outubro, quando ele fez o visto dele. Como eu não tinha recebido o tal 2019, não pude concluir meu cadastro, pagar taxa e agendar entrevista. Ou seja, fui com ele ao CASV e ao consulado mas não pude fazer meu visto. Ainda em outubro (e antes de dar o rolo na entrega de passaportes), ele estava com o visto pronto para vir me visitar. Que ironia. E eu tive que ir novamente a São Paulo em dezembro, só para isso. E sozinha :(


Taxa SEVIS

Para o visto J1, também é preciso pagar a taxa SEVIS (aqui),  e este foi outro motivo da minha dor de cabeça. No comprovante gerado após agendar a entrevista, falava em taxa SEVIS, mas fui pesquisar e não achei nada dizendo que era preciso uma segunda taxa para o J1 e nem encontrei onde pagá-la.

Fui para o CASV e foi tudo OK. No outro dia, fui para a entrevista no consulado. Enquanto esperava em uma fila enorme, uma funcionária do consulado passou conferindo a documentação básica. Ela perguntou sobre o comprovante da taxa SEVIS. Daí bateu o pavor: eu não paguei taxa SEVIS, só a taxa básica. Ela disse que eu precisava ter pago a taxa SEVIS mas que quando chegasse no guichê de antedimento iam me dizer o que fazer. Foi pelo menos uma hora de tensão. Num calorão, naquela fila em pé, eu só pensava que tinha perdido a viagem, que depois de tanto esperar pelo tal DS2019, estava em São Paulo e iria voltar para casa sem meu visto! Era só no que eu pensava. Me segurei para não chorar, admito, mas não chorei!


Quando estava próximo dos guichês de entrevista, encontrei um holandês, que morava em Porto Alegre e estava indo trabalhar em Dallas, e que conheci no dia anterior na fila do CASV. Como as filas são grandes, o que tem para fazer é conversar. Falei para ele que achava que ia perder a viagem porque não tinha pago a taxa. Ele me disse que também não tinha pago a taxa específica para o visto de trabalho, mas que pôde pagar ali, os 500 dólares (foi o valor que ele disse). Ao mesmo tempo em que senti um alívio por pensar que podia pagar ali, não durou muito, porque eu tinha uns 100 reais, se muito, no bolso e estava sem cartão (não dá para entrar no consulado com nada além dos papéís para o visto, então tinha ido para lá só com dinheiro e um documento no bolso. A opção mais usual é deixar a bolsa nos guarda-volumes do lado de fora do consulado, que custam 8 ou 10 reais). Falei pra ele que não teria como pagar se fosse tão caro, porque estava sem cartão. Ao que ele me respondeu que me emprestaria, que depois acertávamos em Porto Alegre! Era a salvação da lavoura.


Bom, encurtando a história, a minha taxa só poderia ser paga pela internet, mas eu passaria normalmente pela entrevista e meu visto seria (ou não) aprovado, mas seria processado após eu pagar a taxa. Tive o visto aprovado, em uma entrevista muito tranquila, em inglês (para visto para turista é em português). Voltei para o hostel e dei jeito de pagar a taxa na hora (180 dólares, além dos 160 da taxa básica).




Desde abril de 2012, o processo para obtenção do
visto americano conta com duas etapas presenciais:
a "triagem", no CASV, e a enttrevista, no consulado

Entrega do visto
Parecia que tudo estava resolvido. Mas claro que não. O consulado americano estava, desde o final de outubro, com problemas para o envio por correio dos passaportes com os vistos, por causa de uma ação judicial impedindo que as entregas fossem feitas pela DHL e passassem a serem feitas pelos Correios. No dia da entrevista, me deram um número de protocolo mas não disseram que a entrega postal não estava funcionando.

Após passar os dias necessários para o processamento do passaporte (uma semana) e mais uns diazinhos, não aparecia nada no status de entrega no local de consulta na internet. Liguei para o centro de atendimento (os números estão aqui, mas o pessoal não é muito competente) duas ou três vezes e o que me diziam é que eu deveria esperar aparecer no status alguma informação sobre o envio. Escrevi para um e-mail criado para esclarecer sobre a confusão da entrega do visto, mas eles só me enviavam uma resposta automática que não me ajudava. Então escrevi para um e-mail do consulado de São Paulo, que me respondeu. E respondeu dizendo que eles não estavam fazendo entrega postal, era preciso ir retirar pessoalmente ou por meio de alguém autorizado. God!


Como disse no outro post, minha irmã precisava fazer o visto e adiantou a viagem para buscar meu passaporte. De SP, já escaneou a página do visto e me mandou para eu poder enviar para Capes. Só então, faltando 9 dias para a data da viagem, comprei minha passagem. Até então, não tinha nem mais certeza se conseguiria ir.


Além da informação desencontrada sobre a necessidade de antecedência do envio do visto para a Capes em relação à data da viagem, que comentei, outra "imprecisão" se refere à data-limite para a viagem. A informação era de que seria preciso viajar até dia 15 do mês de início para o qual a bolsa foi aprovada (ou então seria preciso pedir quase uma nova aprovação para a Capes, para mudar as datas). Na verdade, fiquei sabendo agora que também não é preciso, apenas que com chegada após dia 15, o pagamento daquele mês é metade. A carta de concessão da Capes dizia que o pagamento do primeiro mês seria proporcional ao dia de chegada, mas na verdade, sendo até dia 15, é integral...


Tudo bem que eu gosto, até estudo, novela, mas não é pra tanto! Eu realmente pensei que a minha viagem podia melar, e pior é que eu já tinha pedido afastamento do emprego e minhas disciplinas e horas na universidade já haviam sido distribuídas para outros professores, não tinha muito como voltar atrás.


But, here I am!


...

Outros posts em que falei sobre a "novela do visto americano" (só clicar)
- Porto Alegre no mapa BR-EUA

- Doutorado sanduíche: é bom saber

10 comentários:

  1. Bah! Ainda bem que essa tua mana é superlegal!
    Hehe
    Bjs

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    1. A minha mana é muito legal, e vou reencontrá-la em pouco mais de uma semana!!

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  2. q novela dramática... ainda bem q no final tudo da certo, e a mocinha é feliz para sempre...
    hehehe
    beijo
    Sheiloca

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    1. Espero que a mocinha seja feliz pra sempre mesmo rss. Bom vai ser em abril, quando a tal visita do marido se concretizar...

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  3. Bah, muito importante divulgar o caminho das pedras.
    Mas fala um pouco do teu cotidiano aí... Que livro está lendo? Em que página tu está?
    Abraço, cunhadinha.

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    1. Ai, só tu! Meu cotidiano não tem muitas emoções, só se for pra eu contar a página em que estou ou da aventura de montar a cadeira...

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  4. bah! só de ler fui sentindo a angústia!!! e estou ficando apavorado! uahauhauha. abraço!

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  5. Oi Lirian, estou acompanhando seu blog e ele tem me ajudado bastante. Se tudo der certo, vou pra Houston ainda esse mês. Uma dúvida: o atraso da sua viagem implicou em alteração da data de início do seu sanduíche? Se sim, você teve que formalizar essa mudança? Obrigada, abraço. Daniela.

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    1. Oi, Dani. Minha data do sanduíche continuou a mesma. Estava marcado para começar dia 1º de janeiro, mas cheguei nos EUA dia 15, e não precisei formalizar nada. É possível viajar até o final do mês para o qual está marcado o início do sanduíche - no site da Capes, me parece que consta a informação de que é preciso viajar até a metade do mês, mas não foi isso que me informaram. Se for esse o teu caso - viajar na segunda metade do mês - vale dar uma falada com os técnicos responsáveis pelo sanduíche para ter certeza. A diferença é apenas que chegando no país depois do dia 15, recebe metade da bolsa no primeiro mês. Se o teu período de sanduíche estava marcado para começar dia 1º e tu for no mês seguinte, terá que formalizar um pedido de alteração, mas pelo que sei não é muito complicado, mas não conheço ninguém que tenha precisado.
      Abraço!

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