quinta-feira, 30 de maio de 2013

Minissérie "A um mês do fim" - Segundo capítulo: Coisas que vou sentir falta

Embora já tenha descoberto o quanto é complicado fazer listas - acrescentaria um monte de coisa na do último post -, cumpro o prometido e encerro hoje a minissérie em dois capítulos, com a lista de

26 coisas que vou sentir falta:

1) Da tranquilidade do condô, com nenhum barulho além do som dos passarinhos e do apito do trem.

2) De ter academia e piscina no condomínio (mesmo que a piscina ainda não tenha usado, o que farei em breve, e que a academia tenha usado por um ou dois meses). E mesmo assim, não pagar condomínio.

3) Do meu apêzinho, com quase nada, mas com o que eu preciso.

4) Das máquinas de bebidas e comidinhas, principalmente a do prédio do departamento.

5) Dos cafés com tampa (existe no Brasil, mas não muito). Se bem que também poderia ter incluído um item no post anterior sobre esse assunto, porque sinto falta de tomar café em xícara numa cafeteria. Tudo descartável cansa, vai dos copos dos cafés aos talheres.

6) Dos esquilos.

7) De patinar no gelo.

8) De dormir e acordar a hora que eu quiser - embora isso já esteja tendo reflexos no meu organismo, que tá todo perdido.

9) Dos trens, que passam e apitam várias vezes por dia - e de ver os carros terem que parar pro trem passar, o que, claro, só vejo graça porque o trajeto do meu ônibus passa ao lado dos trilhos, não precisa atravessar.

10) De andar de ônibus de graça, e sempre ter lugar pra sentar.

11) De chegar na parada em dois minutos e na universidade em 10. E assim, de nunca me atrasar.

12) Das aulas, que me faziam tão bem: entendia tudo, seja pela língua seja pelo conteúdo.

13) Da biblioteca: acesso fácil a artigos do mundo todo, muitos livros que não encontramos no Brasill e aberta 24 horas.

14) De ter uma sala na universidade.
 
Sala que divido com outro doutorando.

15) De jantar com colegas do departamento.

16) Dos preços. Aqui é a terra do consumo mesmo, e não é à toa.

17) De não ter fila no mercado.

18) De me divertir simplesmente olhando pra pessoas usando aquelas botas, chapéus ou os anelões de Aggie (hoje foi o pasquitanês do posto de gasolina que me fez rir com seu anelão, e combinou menos ainda).

19) De ter gente do mundo todo na mesma cidade.

20) Da sensação de segurança (no sentido de não ter violência).

21) De SEMPRE perguntarem "How are you today?" (e aguardarem a resposta). Agora já tô meio cansada de ter que responder sempre, mas acho legal, se esforçam para ser simpáticos/educados.

22) De ganhar em dólar.

23) De falar inglês (contraditório, eu sei, já que coloquei "falar português na rua" no post anterior, mas é assim mesmo).

24) De achar que amo tudo no Brasil e em Porto Alegre, e de ter saudade de todo mundo, até de quem não teria visto nesses últimos meses de qualquer forma.

25) De estar no Texas, Big Texas!

26) Do blog! Dá trabalho, mas é bacana, especialmente para registrar as viagens. Várias coisas dos lugares que fui não saberia se não fosse pelo blog, porque me obrigo a pesquisar para colocar a informação completa/correta.


FIM 

E assim acaba mais um capítulo de "A um mês do fim". Não quero criar expectativas, mas pode ser que a série conte com mais uns capítulos. Autores, diretores e produtores estão analisando.
See u!

terça-feira, 28 de maio de 2013

Minissérie "A um mês do fim" - Primeiro capítulo: Coisas que sinto falta

Queridas e queridos, falta 1 mês! 1 mês para eu ir embora! Para chegar em casa ainda tem que colocar mais 20 dias nessa conta (20 dias de viagem, que já está com roteiro fechado e hotéis reservados!).

E para celebrar esse momento tão importante, inicio hoje uma série de dois posts (rá, tipo minissérie em dois capítulos. Nunca viram? Agora existe). E essa minissérie em dois capítulos vai ser composta da seguinte forma: "Coisas que eu sinto falta" e "Coisas que eu vou sentir falta". Esse segundo post começa a fazer sentido, porque sempre imaginei o momento de ir para a casa, porque sinto muita saudade e tal, mas agora começo a ver que vou sentir saudade daqui também.

Então, vou falar de "coisas" que sinto falta, não de pessoas (que é óbvio): lugares, sitações, comidas, objetos, enfim, o que não tenho/vivo aqui e, claro, sinto falta.

26 coisas que sinto falta

1) De ter ônibus para ir aos lugares a hora que eu quiser, ou táxis baratos e passando toda hora, como é em Porto Alegre. Aqui os táxis não demoram menos que 20 minutos pra chegar, e qualquer trecho é pelo menos 10 dólares. Por 20 reais, em Porto Alegre, dá pra ir num monte de lugar. 

2) De caminhar na rua (não literalmente, na calçada, né?), e isso ser normal. Aqui, como já falei lá no início, as pessoas não andam a pé, as vias são para os carros e um pouco para as bicicletas. É meio deprimente ser a única pessoa caminhando. Enfim, essa vida só dentro dos carros, como é aqui e na maior parte das cidades americanas, não acho legal.

3) Das árvores, especialmente da região do centro onde moro, destacando as ruas Fernando Machado, Duque de Caxias e Borges de Medeiros. Não é que aqui não haja árvores, mas elas estão em locais "específicos", como parques e o campus da universidade. Não tem árvores nas calçadas pra poder caminhar na sombra.

4) Falando em parques, da Rendenção (!) e do Guaíba. A Redenção era o quintal de casa no meu primeiro endereço em Poa, eu e a irmã íamos correr lá, tomar chimarrão nos dias de sol, uma delícia. Agora ainda moramos perto da Redenção, mas mais do Guaíba, que tem aquele pôr-do-sol tudo-de-bom. Ah, por sinal, comprei meus patins! Devem chegar amanhã. Daí vou estar preparada para entrar na onda do momento em Poa: patinar na orla do Guaíba - de acordo com minha fonte, a sister, que está com ciúmes porque também queria, mas não tenho como levar dois pares, porque é um trambolho, e, como sabem, vamos viajar antes de voltar pra casa, então quanto menos tralha, melhor.


Redenção :-)
Pôr-do-sol do Guaíba (Foto: Keli Camiloti)

5) De acompanhar os jogos da dupla Gre-Nal mesmo não estando com TV ou rádio ligados. Ou seja, da gritaria de gol e da função toda na cidade. Certamente na eliminação do Grêmio da Libertadores, esses dias, foi muito bem-vindo estar aqui "isolada". (Parênteses: mesmo sendo gremista, foi muito legal acompanhar o movimento da cidade na final da Libertadores de 2010, que teve o Inter como campeão... Porto Alegre respirava aquele jogo).

6) Da Cidade Baixa, e as saídas com amigos ou com o marido. College Station tem vários bares, e são legais (conheço poucos, mas os que conheço são legais). Aqui, Northgate, uma região perto da universidade, seria o equivalente (bem reduzido). Pra quem não é de Porto Alegre, Cidade Baixa é o bairro boêmio da cidade, cheio de bares. E o melhor é que vamos e voltamos a pé de casa, mesmo às 2h da manhã (com o Charles, sozinha já complica).

7) Das comidas do marido. Olha, eu tô melhorando na cozinha, sabe? Na verdade, não é a primeira vez na vida que preciso cozinhar, quando me mudei pra Porto Alegre e morava com a minha irmã, eu cozinhava pra mim, porque ela almoçava no trabalho durante a semana, e eu almoçava em casa. Resumindo, eu sei cozinhar, mas não fica gostoso, e se quero fazer algo melhor, levo uma canseira. Por isso, muito bom contar com um marido que faz comida boa e com praticidade.

8) Das comidas da Keli. Eram os dois que "me alimentavam". De quarta a sexta, a Keli, de sábado a terça, o Charles. E a Keli, apesar de mais nova que eu, aprendeu bem as "comidas de fora" com a mãe dela. Mesmo a comida mais simples era boa. Eu e a Milena adoramos. Por sinal, essa menininha querida faz três anos de idade hoje!! Ano passado eu fui na festinha dela na escolinha, e este ano fiquei só com o recado da mãe dela no Facebook dizendo que ia comer uns pasteizinhos, brigadeiros e bolo por mim. Que crueldade.

Feliz aniversário, Mi!
9) Ainda no quesito comida, dos lugares bons pra comer perto de casa, valendo destacar o famoso Tudo pelo Social e sua a la minuta por 12 reais que serve três pessoas (um homem e duas mulheres) e o McAurea, bem pertinho de casa e que faz a melhor maionese que existe.

10) De chegar em casa sábado às 7h, ser recebida simpaticamente pelos porteiros, e encontrar o marido. Não, eu não virava a noite na balada, muito pelo contrário, era a hora que eu chegava de viagem de Chapecó, depois da (mini) semana de trabalho. Da viagem eu não tenho saudade!! Mas de chegar em casa, sim.

11) De dar aula. Não sei quando isso vai acontecer de novo. Não comentei aqui, mas não vou voltar ao trabalho quando voltar pro Brasil, porque vou me dedicar apenas à tese no próximo semestre, o último do doutorado.

12) De receber ligação da mãe. Claro que o Skype substitui muito bem o telefone, às vezes até melhor, já que tem imagem, mas não é a mesma coisa. Liguei no dia das mães pra ela, rapidinho pra ver se ia cobrar além do plano diário. Cobrou um pouco a mais, mas pra falar bem pouquinho é viável. Ela ficou bem surpresa e faceira por eu estar ligando.

13) De visitar minha irmã e nos despedirmos com nosso tradicional "aparece, vizinha". Ela mora a uma escadaria da minha casa (como se fosse uma rua de distância, mas a ligação é por uma escadaria). Esse "aparece, vizinha" representa bem eu estar perto ou longe...

14) Dos churrascos porto-alegrenses em família, feito pelo Charles ou pelo tio Beto, ambos ótimos assadores. Churrascos sempre no capricho, também por causa das respectivas esposas.


Churrasco do assador Charles.

15) De esperar o Charles com o café da tarde pronto. Aqui, além de sempre comer sozinha, só tenho uma refeição "fixa", o almoço, de resto é uma bagunça.

16) Dos sucos naturais de abacaxi e morango. Aqui não tenho liquidificador, nem nenhum eletrodoméstico. Em casa temos tantos, que ganhamos de casamento.

17) De ir no mercado, a duas quadras de casa, a pé (e não precisando pegar dois ônibus pra ir e dois pra voltar). O HEB aqui é legal (pode até ser que ele apareça na lista de coisas que vou sentir falta, especialmente por causa dos preços, ainda mais se comparado ao Zaffari), mas o Zaffari tem sempre músicas boas e as propagandas mais lindas de Natal, e é tão pertinho.

18) De falar português na rua.

19) De participar de reuniões de pesquisa - Obitel, Geisc, Projeto Gênero. Pesquisa coletiva eu curto muito.


20) De tomar um bom chimarrão. A bomba que tenho aqui não é boa e meus mates são todos trancados. Ainda que tenho erva, no primeiro mês (até encontrar minha irmã), fiquei alimentando a vontade de tomar chimarrão. 

21) De pão de queijo.

22) De ter microondas em casa.

23) Dos programas de TV do domingo de manhã. Embora eu assistisse raramente, é bom saber que estavam lá à disposição. Exemplos: Globo Rural, Viola, minha viola, Sr. Brasil, Galpão Nativo. 

24) De estar a algumas horas de ônibus de Santa Maria, São Luiz Gonzaga e Bagé (e Caxias do Sul, Montenegro...).

25) Da ilusão de achar que ia voltar do sanduíche com o inglês 100%, inclusive a escrita.

26) De ter mais de um ano para concluir a tese =-[


Ih, essa lista não tem fim. Fechei em 26, pra ser um item por ano de vida (embora não tenha relação nenhuma com isso), e me detive a coisas da minha vida de antes de eu viajar (imagina se incluísse coisas que sinto falta de um passado mais ou menos distante...)


sexta-feira, 24 de maio de 2013

Os americanos e o (des)interesse pelo Brasil e o resto do mundo

Como anunciei no post anterior, falo hoje sobre "o Brasil nos EUA". Bem, os americanos não estão nem aí para o Brasil. Fim. Tá, vamos ser um pouco mais detalhistas.

Começando pela mídia
No domingo do incêndio na Kiss, falaram o dia inteiro sobre o ocorrido em Santa Maria nos canais jornalísticos, em flashs de alguns minutos. Em notícias na internet, há muitos detalhes sobre a tragédia e muitos comentários dos leitores. O que mais comentam é da falta de regulamentação em países como o Brasil, mas em geral os comentários não tinham um tom pejorativo em relação ao país e ao fato, e sim demonstravam perplexidade. Na segunda-feira, o pessoal do departamento comentou comigo do fato - mas não imaginavam que fosse algo tão próximo de mim.

Transmissão da tragédia da Kiss pela CNN.
 
Outro tema que apareceu bastante na mídia, envolvendo o país, foi o favoritismo do cardeal brasileiro, entre os top 3 possíveis papas para a CNN. Ainda em função da escolha do novo papa, falaram muito que o primeiro grande compromisso internacional do novo papa - sul-americano, destacavam sempre - seria a Jornada Mundial da Juventude, no Rio. Nada muito "opinativo" sobre o país.

Diria que foram essas as ocasiões em que vi/ouvi falarem do Brasil, e assisto relativamente bastante canais de jornalismo.

Nos seriados, a gente sabe que láaa de vez em quando fazem alguuuma referência. Uma que me lembro de ter visto esses dias foi em "Sex and City", em que o Mr Big se muda para Paris a trabalho e a Carry fala "Agora Paris, depois Brasil...". Achei uma boa inserção, tipo no nível de Paris, então tá bom... Ou será que era em outro tom?

Americanos e a relação com os estrangeiros
Achei estranhíssimo o desinteresse dos americanos pelos estrangeiros. Tudo bem que aqui em College, e em muitas cidades dos EUA, existe gente do mundo todo, e que para eles isso não é novidade. Mas, de qualquer forma, eles não perguntam de onde você é - mesmo notando o sotaque - e, quando ficam sabendo, também não perguntam nada do país. Eu acho muito estranho porque quando recebemos um estrangeiro, aproveitamos para conversar sobre a cultura do seu país. Já quando se conhece outro estrangeiro por essas bandas, a reação é muito mais "normal", e eles ficam curiosos para saber mais sobre o Brasil - e saem falando nomes de jogadores de futebol, coisas que os americanos não sabem.

Conversando com um colega americano que já morou fora, ele diz que não é falsa a visão que as pessoas de outros países têm dos EUA: só olham para o seu umbigo. Inclusive, uma colega daqui, doutoranda, quando contei - por livre e espontânea vontade, porque ninguém perguntou - que há muitas universidades gratuitas no Brasil, ela esboçou algo como "vou pra lá, vou aprender a falar espanhol". God! Um país do tamanho do Brasil, no mesmo continente, uma doutoranda em Comunicação. Enfim!

Também achei impressionante que eles (ainda os colegas doutorandos - que espero que não cheguem até o blog e não copiem o conteúdo no Google tradutor) não se dão conta que agora é outra estação em um país do hemisfério sul, e demoraram a entender porque o ano letivo funciona de modo bem diferente (férias escolares de dezembro a fevereiro). Uma criança brasileira sabe dessas coisas em relação a outros países.

Em termos de tradições, culinária e afins, a única coisa que se destaca são as churrascarias/ casas de carne brasileiras. Essa sim parece ser uma marca dos brasileiros, o churrasco, com várias "Brazilian Steakhouse" (nenhuma em College). É, estaria mais para presença da república federativa do Rio Grande do Sul, do que Brasil, mas ok.

Brasileiros em College Station
Sempre falo que tem bastante brasileiro aqui. E tem! Que eu já tenha conhecido são uns 30, mas, claro, tem mais, que não conheço ou que não "interagem" com os outros brasileiros. E a rotatividade é muito grande, tem sempre gente chegando ou indo embora. A Brazilian Students Association da Tamu existe desde 1982. Eu me associei em um "reunião" da associação logo que cheguei. Não sei bem porquê, mas era barato (8 dólares eu acho). Ela ajuda a reunir os brasileiros, mas hoje, com o Facebook, não é a ferramenta principal.

Tem várias gaúchas, especialmente um grupo de Pelotas. Não conheço ninguém mais da Comunicação e os outros brasileiros acham até estranho uma jornalista. A área das Sociais e Humanas não é o forte dos brasileiros aqui. Fora eu, tem um casal na Antropologia, e é isso. Tem bastante gente nas áreas de Agronomia, Biologia, Veterinária, Alimentos e Engenharia de Petróleo - basicamente as áreas mais fortes da universidade.

A  Capes tem acordo com a A&M para enviar alunos pelo Ciência sem Fronteiras, e diria que a maior parte dos brasileiros são graduandos passando um ano aqui pelo CsF. Também existem doutorandos em sanduíche, como eu, por quatro, seis ou doze meses, e também brasileiros fazendo a graduação, o mestrado ou doutorado completos aqui. 

Já ouvi brasileiros dizendo que no início evitavam ficar com outros brasileiros, porque, afinal, se é para ficar com brasileiros, não precisa sair do Brasil. Também já ouvi isso - que irão fugir de brasileiros - de pessoas que estão para viajar para outro país. Acho que realmente não é muito produtivo grudar com brasileiros. Sei de pessoas aqui assim e de fato não conseguiram desenvolver o inglês. Mas, por outro lado, é muito bom ter os brasileiros aqui para conviver. Os americanos são mais reservados (apesar de não serem frios), são diferentes. E, afinal, nem tudo é só absorver a cultura americana. As pessoas sentem falta de suas famílias e amigos e ter gente mais parecida com a gente e na mesma situação é muito importante.

Como comentei no último post, semana passada fomos patinar. Combinamos pelo grupo dos brasileiros no Facebook e fomos lá pagar mico. Não daria para dividir com os americanos a animação de patinar no gelo, já que para eles é uma coisa normal (eles inclusive têm os seus patins, não precisam alugar), e para nós, embora exista uma pista que outra, geralmente em shoppings, não é nada normal.


Brasileiros em CS: samba e patins nos pés

Desabafando antes de concluir
A maior parte dos brasileiros que estão aqui com os quais eu converso não chega a ser deslumbrada pelos EUA, mas quase. Acham as coisas muito melhores aqui do que no Brasil. Não quero me aprofundar nisso, claro que tem coisas melhores, aqui é um país de Primeiro Mundo, mas nem tudo. Os americanos também teriam coisas pra aprender com os brasileiros.

Eu não sou uma iludida, que não conhece ou não quer ver a realidade do Brasil. Claro que tem muita coisa ruim, mas tem tanta coisa boa, e não falo das pessoas, que são amistosas e coisa e tal, que geralmente é só o que é ressaltado de bom no Brasil; falo do país como um todo. E não acho que "existem coisas boas no Brasil" porque estou nostálgica. E penso sim que o país tem futuro.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Férias na Aggieland

E acabou o semestre! Foi semana passada, agora o pessoal está de férias. É, mais ou menos férias.

Férias na Aggieland...

No início de junho começam aulas especiais de verão, que duram dois meses e meio, ou dez semanas. Mas é facultativo, a maioria dos graduandos e pós-graduandos voltam às aulas somente no final de agosto, quando começa o semestre de outono, que vai até dezembro. Para pós-graduandos e professores funciona como no Brasil, há uma parada, mas certamente não se fica três meses de férias. Para mim, agora é que o bicho pega. Tenho um mês e dez dias para desenvolver o máximo de minha tese aqui!

...

Apesar da A&M ser uma instituição pública, é preciso pagar para estudar, como todas nos Estados Unidos. Por isso, quando conto que existem muitas universidade federais, em que se faz da graduação ao doutorado de graça, eles ficam impressionados.

Um semestre da pós-graduação aqui custa cerca de US$ 12.000. Para comparar, o semestre no mestrado ou doutorado em Comunicação da PUCRS custa US$ 7.400 (ainda bem que não pago!). Assim como nas universidades particulares brasileiras, existem bolsas. No caso americano, os pós-graduandos recebem bolsa para trabalhar com pesquisa, geralmente auxiliando no projeto de seu orientador, ou como professores de algumas disciplinas da graduação. É bem comum - todos os colegas da disciplina que fiz tinham uma das duas bolsas. A bolsa cobre a maior parte das taxas do curso e o aluno recebe um salário. Ou seja, não é como bolsista de federal ou bolsista integral de particular que recebe "apenas" para estudar. Eles são funcionários da universidade.

...

E com o horário de férias, os ônibus da Tamu param de funcionar às 18h e também não funcionam nos finais de semana. Agora é tarde de mais para eu ir atrás de uma bicicleta... Bom que dá para contar com a carona dos brasileiros ou dos colegas de departamento para "eventos", mas com certeza minha locomoção está bem limitada.

No próximo post vou falar sobre o Brasil nos Estados Unidos - o que aparece na mídia, o que eles sabem do Brasil e como é a "comunidade" brasileira em College Station.

*Ontem fui patinar no gelo aqui em College! Tem uma pista bem legal e juntamos uma brasileiradinha para ir. Foto no próximo post. Ah, não caí nenhum tombo dessa vez!

domingo, 12 de maio de 2013

Feliz dia, mãe!

Desde os 20 anos de idade, a principal ocupação da minha mãe era cuidar das suas meninas. Uma, duas, e quando ela tinha a minha idade, já eram as três. E assim foi por muitos e muitos anos. Primeiro em Candiota, depois em Santa Maria, cuidando das três gurias, e também da casa e do marido.

Pra quem vive a vida toda muito em função dos filhos, deve ser muito difícil o momento em que os "bichinhos" seguem seu rumo. Mas ela nunca foi superprotetora e sempre nos apoiou totalmente a construirmos o nosso caminho. Primeiro, foi a filha do meio, que saiu de casa com 21 anos, em 2005, para fazer o mestrado em Porto Alegre. Todos sentimos falta, mas a casa ainda estava cheia. Tinha a mana mais velha e o noivo, eu e o Charleco.

Meio ano depois, em julho, a filha mais velha, com 24 anos, casou e foi morar em Londrina para fazer o doutorado. Não era pegar o Planalto e chegar em quatro horas. Minha mãe e meu pai sentiram bastante, deu uma gripe generalizada depois que ela viajou, dois dias depois do casamento, que até hoje a gente não sabe se foi o friozão que tava no dia do casamento ou um "efeito colateral". Sobrou eu!

Fui "filha única" por dois anos e meio. Então, ganhei um irmãozinho rss. O meu cunhado, irmão do Charles, morou de março a dezembro de 2008 com a gente, no primeiro ano de faculdade dele. Como diziam minha irmã mais velha e seu marido, o filho da dona T. Se bem que o genro mais velho e o "mini-genro" já eram os filhos da dona T., de tanto que ela gosta desses meninos.

Depois fiquei mais uma ano de filha única. Eles só tinham a mim para se preocupar e também só tinham a mim para ajudá-los. Sim, porque em tempos de ditadura da tecnologia, um jovem é uma coisa muito preciosa numa casa. Meu pai, gostava de baixar músicas e fazer outras coisas na internet, e contava com a minha ajuda. Minha mãe, então, fez uma faculdade à distância, com quase nenhuma experiência com computadores (fez um curso antes, mas não ajudou muito), e precisou de todo a minha paciência (que a filha não tinha) para ajudá-la. Sempre que ela ganhava um chocolate, pirulito ou que fosse na faculdade ou no estágio, levava pra mim, pra retribuir as ajudas. Dizemos que eu sou um pouco pedagoga também.

Nos últimos tempos, ela também contava comigo como personal stylist, maquiadora e fonte de empréstimo de acessórios (quem diria, ela que não deixava a gente usar coisas umas das outras, depois que descobriu o valor do empréstimo em família, curtia muito contar com umas coisas minhas). Também não dispensava o serviço de entrega de pastelão, xis e pizza tarde da noite (isso até não faz falta, porque a ausência do casal caçula ajudou ela a emagrecer).

No início de 2010, eu saí de casa também, e fui para Porto Alegre fazer o doutorado. Eles ficaram dois meses sozinhos, e então colaboraram para a formação de mais uma aluna da UFSM. Minha prima morou até o final de 2011 com eles.

Agora, faz três anos que nenhuma filha mora mais com a mamãe e um ano que estão só os pombinhos (que completam 35 anos de casados ano que vem).

Não dá pra dizer que ela estava preparada, mas ela buscou se preparar. Quando eu estava no ensino médio, ela voltou a estudar. Primeiro, cursou o magistério/normal. Depois, fez faculdade de pedagogia, e também estágios. Ainda fez especialização em psico-pedagogia depois que eu fui embora. Com 50 anos, ela teve a carteira de trabalho assinada pela primeira vez.

Minha mãe fez o caminho oposto a nós e à maioria. Primeiro cuidou da gente e da nossa educação, e depois foi atrás de realizar os sonhos dela (além do de ter a família dela, o que fez, junto com o pai, muito bem, criando essas três mulheres maravilhosas...).

Bom, agora, estamos morrendo de vontade que eles se mudem para Porto Alegre, o que não vai demorar muito. Afinal de contas, não tem nada melhor do que ter as pessoas que a gente ama por perto (dizendo a pessoa que voluntariamente está a trocentos mil quilômetros de toda essa gente amada).

Daí, morando na mesma cidade, vai ser mais fácil a gente comer a lasanha dela no domingo, ela fazer arroz com leite pra mim, vermos um filminho no escuro tapadas de cobertor (com sol e uns 25º na rua, para desespero do meu pai), comer uns cachorros quentes feitos por ela (e ela derrubar uma salsicha no café e o mini-genro se lavar rindo dela), falar sobre outras pessoas (mas não de outras pessoas), irmos para um happy hour na Cidade Baixa (foi uma vez e adorou).

As camas das meninas vão continuar vazias na casa dela, mas queremos estar o mais perto possível. Mas, mesmo estando longe, a minha Mi sabe o quanto as filhotas dela a amam, e mesmo com os alvorços naturais da espanholada, continuamos unidas e próximas, bem pertinho, dentro do coração umas das outras.



Como eu gosto de colocar vídeos nos posts, vou colocar o de uma música que pode soar brega, mas que acho bonita e que é a mais obviamente relacionada ao que escrevi.





*E eu acho que o fato de eu estar longe deixa a distância mais clara e as quatro mulheres da casa do Olírio andam bem nostálgicas.


quinta-feira, 9 de maio de 2013

"I'm in Miami bitch"

180km e algumas paradas depois, chegamos a Miami, especificamente ao nosso hotel próximo ao aeroporto. Tínhamos lido alguns blogs que falam sobre onde ficar em Miami. Como nosso foco não era apenas um - só praia ou só compras, por exemplo -, consideramos que o melhor seria ficar na região do aeroporto, que é mais ou menos no meio da cidade e se consegue bons preços.
 
Depois de instalados, resolvemos ir a Little Havana curtir o fim de tarde e a noite. Mas, logo que chegamos, notamos que, em geral, a noite no bairro não é muito forte. O comércio estava fechando e não eram muitas as opções para lazer. Depois de circularmos um pouco, resolvemos ir pra South Beach - das facilidades de estar de carro. South beach é um bairro de Miami Beach, que, por sua vez, é uma cidade praiana vizinha à Miami.

Era terça-feira, em abril, e a cidade estava bem movimentada. Há uns dias estávamos nos ensaiando para comer lagosta, e o cardápio tinha bem a ver com South Beach. Como não tínhamos experiência no assunto, achamos que poderia ser um pouco complicado. Mas não foi o caso, porque no restaurante que fomos serviam "tail lobster", que agora sei que, como o nome diz (tail), se trata da cauda/rabo, e vem sem a cabeça e os "braços", que são as partes mais complicadas. Olha, é melhor que peixe, mas como não gosto de peixe, não quer dizer muita coisa...

South Beach
Lobster

No dia seguinte, aproveitamos que seria nosso último dia com o carro para ir ao parque de Everglades e ao shopping. Eu nunca tinha ouvido falar de Everglades, achava eu. Mas conversando sobre a viagem, mais ou menos um mês antes, a mana Joice perguntou se iríamos visitar o Everglades. Hã? O parque do jacaré do Pica-pau, respondeu ela. Ah! Claro que fui pesquisar e não íamos visitar apenas por ser o parque do jacaré do Pica-pau, mas descobri se tratar de um super parque.


Parque Nacional de Everglades
 
Ah, quer ver Everglades no desenho do Pica-pau?




Há varios tours disponíveis no parque. Escolhemos ir ao Gator Park. Fizemos um passeio de airboat ("barco voador") e depois assistimos a uma apresentação sobre animais do parque.


Últimos registros de um boné.

Depois de o boné voar e virar comida de jacaré.

Everglades

Everglades

Um escorpiãozinho




O passeio de barco não era apenas contemplativo como eu imaginava, era de aventura. Por isso perdi o boné. (Tinha um vídeo mais radical, mas era muito pesado e não consegui carregar).



Mas a parte mais legal do parque foi...




 


Depois, ficamos umas boas horas no shopping. Fomos ao Sawgrass, que não fica exatamente em Miami, mas em Sunrise (a 50km de Miami). É o segundo local mais visitado da Flórida, perdendo apenas para a Disney. O shopping é gigante e tem muitas lojas com preços ótimos. 

Passando pelo Rainforest Cafe (um café com decoração de floresta), não pude deixar de entrar para tirar uma foto. É que 12 anos atrás, quando fui à Disney, passamos pouco mais de um dia em Miami, e fomos exatamente nesse shopping. Mas não lembrava de nada, a não ser dos bancos com patas de animais onde tiramos fotos. Depois, passamos por uma loja de esportes e ao avistar o setor com raquetes de tênis lembrei que foi lá que comprei as minhas (durante o auge do Guga, queria muito jogar tênis, mas meus pais não me davam as raquetes... daí, como estava "administrando" meu dinheiro, comprei!!).

Revivendo os 14/15 anos. Abril/2013

 *Atualização em 10-05
 
Direto do túnel do tempo. Julho/2001.

Terminamos o dia num bar anexo ao restaurante, bem divertido. Era noite de karaokê, mas demos mais atenção aos melhores momentos do jogo de futebol do Brasil contra o Chile que passava em uma das TVs.

Tínhamos até o meio-dia da quinta para ficar com o carro, então um pouco antes das 11h fomos deixá-lo na locadora, no aeroporto. Tchau the blues!

Na estação do metrô que fica no aeroporto, compramos um day-pass (metrô e ônibus - US$ 5) e seguimos para o Miami Seaquarium (metrô e depois ônibus). O transporte público em Miami é mais ou menos. O metrô só tem duas linhas, não muito abrangentes. Na verdade, elas fazem quase o mesmo caminho, uma das linhas vai um pouco mais adiante apenas, bem sem sentido. Os ônibus não são muito novos, e no final de semana os horários são escassos. Mas, de qualquer modo, dá para ir a quase todo lugar de ônibus.

Chegamos ao aquário um pouco depois do meio-dia. Recebemos um informativo com os horários dos shows, que acontecem duas vezes por dia, uma de manhã, e outra de tarde. Pra falar a verdade, o que eu queria era ir num daqueles aquários em que um corredor passa "por dentro". Tinha um assim em New Orleans, mas pesquisando, vimos que o aquário de Miami era bem maior, e decidimos não ir no de Nola. Bom, não tinha um desses que eu queria no de Miami, fica pra próxima. Mas os shows com os animais foram bem lindinhos. Eu tinha ido na Sea World na Disney, que tem basicamente as mesmas coisas, além de montanha-russa e outros brinquedos. Mas faz tanto tempo, que foi legal igual.


Miami Seaquarium

Pavão

Flamingo

Não é uma pedra, é um peixe-boi, cheio de limo.


Leão-marinho (tem orelha, então não é foca).


A criança não cansava de tocar nas arraias.

Oi, peixinho.

Golfinho! Me molhou.




Mais golfinhos

Orca, que na verdade é golfinho e não baleia...






A orca também me molhou, de água salgada ainda.




Eu disse que tinha um monte de animaizinhos neste post. Mas agora acabaram.

Terminamos a tarde curtindo o pôr-do-sol e as decolagens dos aviões. O lugar que foi meio inusitado, mas foi a melhor vista que encontramos.

Fim de tarde em Miami.

A sexta-feira teve mais umas comprinhas, pois fomos em busca do que ainda faltava. E também foi dia de estudo. Marido estava preocupado com as aulas da semana seguinte.

No sábado, nosso último dia, o voo do Charles era só às 23h, então tínhamos o dia inteiro para aproveitar. Revivi uma cena nova-iorquina: o Charles cheio de coisas pra levar pra casa, inclusive muita coisa minha, e eu só com uma malinha pra seguir pra minha casinha texana, assim como foi com minha irmã em NY (aqui).

E não era um sábado qualquer, era nosso aniversário de nove anos de namoro! Que lindo!

Fomos curtir na praia, e também não em qualquer praia, mas em Miami Beach. Só não podíamos entrar no mar porque já tínhamos feito check out no hotel... Assim que chegamos na praia, nos deparamos com uma bandeira brasileira! Era um serviço, de cariocas, de aluguel de cadeira e guarda-sol, que foi muito útil, embora não muito barato.


Miami Beach

Miami Beach

 Voltamos para o hotel, pegamos nossa bagagem e tomamos a van do hotel para o aeroporto (serviço gratuito dos hotéis próximos ao aeroporto). E então, é chegada a hora da partida :(. Foi-se o Charleco pra casa. Eu, além de ter que me despedir dele e de não ir pra casa, tive que passar a noite no aeroporto, porque meu voo era só às 7h30 do domingo... 

Agora começa mais uma contagem regressiva: falta 1 mês e 20 dias para eu ir embora, reencontrar o Charleco e viajar mais um pouco! Nossa, muito pouco! Hora de estudar pra valer! *Para chegar no Brasil ainda faltam 2 meses e 10 dias.

E chega ao fim mais um diário de bordo. Até logo!