sexta-feira, 28 de junho de 2013

Tchau, Aggieland

Hoje foi dia de dizer bye para College Station e para a minha vidinha dos últimos cinco meses e meio.

Liberando o apê
Minhas mãos, especialmente minhas unhas, estão péssimas, mas venci a faxina. Venci e sobrei, porque me esmerei pra deixar tudo bem limpinho achando que podiam complicar com alguma coisa, pois o contrato dizia que se algo não "estivesse do agrado" eu seria cobrada pelo serviço, mas a inspeção hoje de manhã foi simplérrima, ela só deu uma olhada geral e disse que estava tudo ok...

Antes disso, me livrei (parece uma expressão meio forte, mas é bem isso) de tudo que tinha no apê. Eu não tinha muita coisa, mas mesmo assim deu trabalho. Algumas coisas doei para o Goodwill - que é uma instituição beneficente que recebe doações e revende para usar o dinheiro para caridade (tipo o nosso Mensageiros da Caridade). Mas nem todo tipo de coisa eles recebem e dependendo das condições em que se encontra, não aceitam... A TV um brasileiro ficou, a cadeira de escritório, outro. Sobrou a mesa que meu orientador emprestou e não conseguiu ir buscar e o colchão.

O contrato diz que não é permitido deixar nada no apê nem jogar no lixo do condomínio, tais ações estariam sujeitas à multa. Como eu não abro a mão nem me afogando (mentira, hoje dei uma boa gorjeta pro taxista que me levou a tempo pra pegar o bus e me ajudou com as pesadíssimas bagagens), não queria correr o risco. Mas enfim, corri o risco, não tinha o que fazer. Ontem bem tarde deixei a mesa do lado do lixo (pra ver se alguém se interessa e pega) e hoje cedinho, botei o colchão no lixo (sim, os lixos são bem grandes). E ainda fui e coloquei num lixo que não é o mais perto do meu apê para não "suspeitarem" de mim, e olha que o colchão era pesado... Fiz tudo certo, menos contar isso aqui.

Enfim, operação apartamento: ok

Que mala essa tal de bagagem
Fazer minhas coisas todas caberem na minha bagagem eu sabia que seria um desafio. E claro que foi. Mas deu. Felizmente, a mochilona de trilha do Charles me surpreendeu positivamente. Cada hora descobria um bolso novo, que achava que não ajudaria muito porque a mochila já estava cheia, mas os espaços brotavam. Eu já estava preparando o desapego, mas tive que ir um pouco mais longe. Queria ter levado de volta a toalha que trouxe, mas não era essencial e não deu espaço. Alguns produtos de beleza que estavam no final também foram fazer companhia pro colchão. Mas o copo de louça com tampa que eu tanto gostava eu fiz questão de trazer, assim como a capa da almofada texana que eu usava em CS.

Claro que no final ficou pesando uma tonelada. Eu só consegui fazer pequenos deslocamentos com ela, e quando coloquei nas costas, quase caí pra trás. Mas fazia uma cara de "meu Deus, e agora, o que faço?" e alguém se oferecia pra me ajudar. Isso não é muito feminista, a gente tem por princípio ser independente e não ser "protegida" pelos homens. Porém, certamente questão de força não é algo cultural... embora nem todo homem seja forte e nem toda mulher seja fraca. Eu não sou fraca, carreguei o colchão até o lixo mais longe por questão de estratégia... Espero que a mochila do Charles esteja leve, pra gente distribuir o peso. Afinal, tem muita estrada pela frente.

Operação "precisa caber tudo": ok

Orientador, superstição e esquilos
Na minha ida quarta-feira ao campus, me despedi (internamente) da universidade, achava que seria minha última ida lá. Mas depois que voltei do campus pra casa, eu e o meu orientador marcamos de almoçar na A&M na quinta. Fui lá admirar mais um pouco os esquilinhos fofos.

Na suposta última ida, afortunadamente estava passando pela estátua do Ross e lembrei que não podia deixar de colocar um penny para ter sorte na tese! (post em que falo das tradições da Aggieland aqui). Na ocasião desse post sobre as tradições, escrevi: "Vou deixar umas muitas moedinhas lá antes de ir embora para ter sorte na tese!". Deixei quatro, mais que isso é desperdício...

Sucesso garantido na tese.
O Teco manda "bye, bye!"

Na última ida, de fato, tive mais um agradável almoço com o orientador "estrangeiro". Depois, não deixei de tirar uma foto com ele para registrar a parceria :) . E para a alegria dessa jovem acadêmica, estou como coautora de um artigo escrito por ele e por um professor da Texas University at Austin submetido para uma revista internacional. Precisam aceitar, e a avaliação costuma demorar a sair. Aconteceu que, como o artigo falava de TV brasileira, ele me pediu para ler e opinar. Ele gostou dos meus comentários e perguntou se eu gostaria de desenvolver os pontos que destaquei e assinar o artigo com eles. Claro neam? 

Adorei mais ainda porque a professora responsável pelos sanduíches no meu doutorado disse numa reunião com os doutorandos que não conhece nenhum aluno do curso que tenha publicado com o orientador do sanduíche (ela dizia para não criarmos expectativas em relação aos orientadores no exterior e a atenção que nos dariam). Lançado o desafio? Bom, recém foi submetido, e não tem garantia de sair na revista, mas pra mim já valeu.

Operação despedida do professor, dos esquilos e da estátua do Ross: ok.

Dando tchau para os brasileiros e a diversão de CS
Essa é parte mais divertida do tchau para Aggieland, for sure. Outra brasileira está indo embora em seguida e sugeriu que o pessoal fosse no boliche (na verdade, tem mais que boliche, é um centro de entretenimento) na quarta (ladies' nigth - muheres não pagam). O boliche estava legal, mas o ponto alto foi uma brincadeira que é tipo um paint ball com laser. Hein? Dividos em duas equipes, cinco ou seis em cada, vestimos um colete com um sensor e tínhamos uma arma de laser. O epaço era bem grande, com dois andares. Claro, ganhava a equipe que acertasse mais tiros nos adversários e sofresse menos. Meu time perdeu. Aí fomos para a revanche. Perdemos de novo. Apesar de eu ser competitiva, foi muito divertido. Ah, ninguém tem menos de 20 anos, mas tava todo mundo faceiro brincando.

E a segunda rodada da despedida foi ontem à noite (college night: universitários não pagam), num bar muito bacana . Eu fui em bares tipicamente texanos, e ja´tinha gostado, mas esse inclui dança. Adorei observar o pessoal dançando country, de bota e tudo, muito legal! Eu fiz vídeo, mas ficou muito escuro. O que mais gostei foi da dança em linha: primeiro, foi com música pop, todo mundo dançando igual, depois, com country, e daí eu não fiquei só olhando. Os passos são fáceis e dá para acompanhar a galera. Foi uma ótimo tchau pra Aggieland. Até o hino da universidade tocou lá pelas tantas (diz que sempre toca na college night, ou seja, toda quinta-feira), e todo mundo cantou e fez a "coreografia". 

Operação "nos vemos no Brasil, galera": ok 

E agora?
Agora estou em Dallas, depois de viajar quatro horas de ônibus de CS pra cá. Estranhamente, curti a viagem, estava ouvindo rádio no celular e tocou muita música boa, que meu gerou uma sensação feliz de estar viajando nos EUA... A minha preferida foi:


Está um calorão aqui, fez máxima de 40ºC graus hoje! E tá fresquinho. O telejornal só tá falando do tempo, porque está uma onda fortíssima de calor no oeste. Em Phoenix, fez 48ºC hoje! Com essa temperatura, aviões podem ser afetados, e as companhias aéreas estão monitorando os voos em cidades tão quentes. E no lugar mais quente do mundo (fui pesquisar e descobri que a temperatura mais alta já registrada no mundo foi lá: 57ºC), chamado, por algum motivo, de Death Valley, na Califórnia, deve fazer 53ºC amanhã, a temperatura mais alta do mundo nos últimos 100 anos! Bóo!

Neste momento, estou ar condicionadamente instalada no hotel, e ansiosa pra que chegue amanhã de manhã. Os leitores do blog sabem porque =)


*Agora começa a operação "Arriba! Viagem como o marido", então muito difícil eu postar algo pelos próximos 20 dias. É, a pausa também vai ajudar a preparar para o fim do blog... Mas eu volto pra contar das viagens, direto do Brasil!! Brasil esse que enfrenta a Espanha no domingo, quero só ver. Quer dizer, devo estar andando de montanha-russa na hora do jogo, nem vou ver.



segunda-feira, 24 de junho de 2013

De Dallas à Cidade do México: 3.700km de aventura!

Vamos falar de coisa boa... Vamos falar de viagem!

Quando comprei minha passagem para vir para o Texas, também já comprei a da volta. Naquele momento tínhamos decidido que a volta seria pelo México, com uma previsão de 20 dias de viagem. Meu período no sanduíche acaba dia 30 de junho e então tenho 30 dias, de acordo com o regulamento da Capes, para retornar ao Brasil. Como em abril eu e o Charles não pudemos viajar muitos dias por causa das aulas dele no mestrado, planejamos essa segunda viagem mais longa.

Engraçado pensar que há uns seis anos, México não estava entre os lugares que eu mais gostaria de conhecer. Mas a gente muda e hoje é um dos países que eu mais gostaria de conhecer e estou (estamos) bem ansioso (s) para chegar lá. Um dos aspectos que me influenciou a querer conhecer o México é que muito dos autores que estudo são mexicanos, pois minha linha de pesquisa é bem latino-americana. Claro, isso é só um dos fatores.

Antes de chegarmos lá, contudo, vamos viajar uma semana pelo Texas. Antes de vir pra cá, eu achava que nessa altura do campeonato eu já conheceria mais coisas do estado, mas só conheço um pouco de Houston. Sem carro e sozinha, fica difícil. Além de que, já tínhamos mais ou menos o plano dessa viagem, então também não fiz tanta questão de conhecer esses lugares antes.

Roteiro - Texas-México (clique para ampliar)
 
Nesta sexta-feira, eu saio de College e o Charles, de Porto Alegre. Nos encontraremos em Dallas, eu chego sexta mesmo e ele, sábado. De lá, vamos para Austin e, depois, San Antonio.

Nossa ideia era ir de San Antonio para a fronteira EUA-México dia 3 ou 4 de julho. Mas, peraí. Não dava para ir embora dos EUA exatamente um dia antes ou no dia que se comemora a independência americana. Então, vamos passar o dia o "4th July" na terra do Tio Sam, em San Antonio, antes de seguirmos pra fronteira. Meu orientador aqui disse que o 4 de julho é bem legal lá, com fogos à beira do rio que corta a cidade e tal.

O Charles, com seu espírito aventureiro-jornalístico (que eu tenho também, se não acho que não faria essa viagem, que, vale destacar, será toda feita de ônibus), queria conhecer a fronteira mesmo, uma cidade que faça divisa entre os dois países. Sabemos que a situação na fronteira é meio tensa. Como nossa última parada nos EUA é San Antonio, escolhemos seguir para a cidade mexicana mais próximo, Nuevo Laredo

"Nuevo Laredo é o principal ponto de passagem da fronteira México-Estados Unidos. Trinta e seis por cento da atividade comercial entre os dois países passam por ali, e cerca de cinco mil carros por dia, além de passageiros a pé nas quatro pontes que estão acima do Rio Bravo (para os americanos, o rio se chama Rio Grande). Isso claro, sem contar os ilegais, muitos deles tristemente representados nas cruzes sobre a cerca que inibe passagem de ilegais. No ano passado, cerca de 400 morreram afogados, tentando cruzar o rio, mais de um por dia." (Trecho do texto do jornalista Lúcio Castro, de 2011. Completo aqui)

Nossa passagem por Nuevo Laredo será rapidinha, só um dia e uma noite. De lá, seguimos para Guadalajara, a terra dos mariachis, e também pertinho da terra da tequila. Já vimos que há passeios parecidos com as famosas "rotas dos vinhos", mas é a "rota da tequila". Mas claro, essas coisas conto depois, nos registros de bordo.

Depois de Guadalajara, chega a hora de pegar um pouco de praia! 35 anos depois (*eu tinha colocado 25, mas fui pesquisar, e a série vai de 1971 a 1980, e o episódio de Acapulco é de 1978!!), vamos repetir as férias do Chaves, e vamos pra Acapulco. O próximo destino é Oaxaca, que dizem ser uma das cidades mais tipicamente mexicanas, e com importantes ruínas astecas.

A viagem termina na capital dos Estados Unidos Mexicanos, Cidade do México, ou DF, como eles se referem. É a segunda maior cidade das Américas. Lembram que falei (aqui) que iria conhecer as três maiores cidades do continente - São Paulo, Cidade do México e Nova York? Pois de acordo com uma outra lista (aqui) que consultei, Lima roubou o posto de 3ª colocada de Nova York. Em 2014, há um importante congresso na área da Comunicação (Alaic) que será em Lima, quem sabe...

Estamos com todos os hotéis reservados e com 90% das passagens de ônibus compradas. Apenas os dois últimos trechos no México não conseguimos comprar pela internet, então faremos isso assim que entrarmos no país. As viagens no Texas, que são mais curtas, serão feitas pela manhã, e as no México, à noite, porque as viagens variam de 6h a 12h. Um dia faremos uma viagem sem muito planejamento, sem os hotéis reservados, seguindo a direção do vento...

Mãe, se quiser saber onde tô cada dia, consulta aqui:

29-06 – Dallas
30-06 – Dallas
01-07 – Dallas – Austin
02-07 – Austin
03-07 – Austin – San Antonio
04-07 – San Antonio
05-07 – San Antonio – Nuevo Laredo
06-07 – Nuevo Laredo – Guadalajara
07-07 – Guadalajara
08-07 – Guadalajara
09-07 – Guadalajara – Acapulco
10-07 – Acapulco
11-07 – Acapulco
12-07 – Acapulco – Oaxaca
13-07 – Oaxaca
14-07 – Oaxaca – Cidade do México
15-07 – Cidade do México
16-07 – Cidade do México
17-07 – Cidade do México
18-07 – Cidade do México – Brasil
19-07 - Porto Alegre!!

No dia 19 de julho, chegamos em casa. 6 meses e 5 dias depois, estarei de volta ao Brasil! ao Rio Grande do Sul! a Porto Alegre!

Mas não "fecho" o blog antes de contar da viagem - fica tranquila, irmã Joice!

E este foi o penúltimo post na Aggieland! Até o último!



sexta-feira, 21 de junho de 2013

É (quase) chegada a hora de partir

E aí, galerinha?! Tudo belezinha? Comigo, tudo great! Melhor porque falta uma semana para eu ir embora! Sexta que vem, junto minhas trouxinhas e parto de College Station. Tchau, apê, Tamu, orientador, esquilos, everybody! Foram bons cinco meses e meio!

E ainda: sábado que vem revejo o marido, ê! E então, mais três divertidas semanas viajando. Arriba! O Texas e os EUA eu só deixo dia 5 de julho, depois de curtirmos o 4 de julho em San Antonio. Dia 19 de julho chego em casa, e vamos ser recebidos por papai e mamãe no lindo Salgado Filho!

Claro que para ir embora daqui uma semana algumas burocracias e preparativos fazem-se necessários. Já agendei o desligamento da luz e estou vendo se consigo revender meus móveis - bá, uma quantia de coisa (só que não)! Também já assinei um documento de partida na universidade. Durante a semana que vem vou lá entregar as chaves e dar tchau pro pessoal. Quinta será dia de faxina. Tenho que deixar tudo limpinho para a saída do apê na sexta - saída essa que eu dei o aviso (super) prévio há mais de 60 dias, que é o tempo exigido, praticamente recém tinha chegado...

Já fiz meu último mercado, as comidas já estão acabando, já estou me desfazendo do que não vou comer, tipo a manteiga de amendoim que comprei logo que cheguei e que só provei e deixei desde então na geladeira. Lentilha e feijão acabaram, açúcar acabou (mas tenho adoçante), óleo tá no finzinho. Nada de desperdícios!

Mas o meu grande dilema pra partida responde por um nome: bagagem! Não tenho tanta coisa aqui, as coisas mais pesadas de inverno e as compras de NYC foram embora com a sister, as coisas de inverno menos pesadas e as compras de Miami foram pra casa com o Charles Mas, claro, ainda tem um bocado de coisa - inclusive um tal roller que sabia que ia me dar dor de cabeça pra ir embora, já que não é um chinelinho pra colocar na mala (mesmo assim, comprei, pela diferença de preço aqui e no Brasil).

Mas, vai ter que caber tudo num mochilão (aqueles de trilha) e numa mala de pequena a média. Depois, as coisas dessa mala vão pro mochilão do Charles, que deve vir quase vazio até nosso encontro em Dallas (afinal, a bagagem dele é só roupinha de verão pra umas semanas). E daí, seguimos nosso rumo de "mochileiros".

Sobre nosso "rumo de mochileiros", falo no próximo post. Oito cidades em 20 dias! Aguardem!

Parênteses:
1) Ontem foi dia de ato em apoio aos protestos no Brasil aqui em College. Foram 40 pessoas, tava um calorão, mas foi legal. Era o que tínhamos pra fazer. No dia do protesto, saiu uma matéria do jornal da universidade sobre nossa manifestação (aqui), bem bacana. Inclusive atraiu dois estudantes americanos que não conheciam nenhum dos brasileiros, e foram até com cartaz.

(As fotos não são minhas)






(Onde está Wally? Na primeira e segunda fotos eu sou um tênis azul com rosa neon.)

2) E o título da NBA não veio pro Texas. O placar final foi Miami Heat 4 X 3 San Antonio Spurs. (No último post eu tinha colocado o placar errado, tinha dito que estava 3X2, mas estava 3X3). Bom, Miami é a cidade que mais vezes fui nos EUA (incríveis duas vezes), então tá bom também (aquela que não admite perder...).



terça-feira, 18 de junho de 2013

Tese à vista - Minha pesquisa

Meus caros, desculpem a ausência. Estou uma semana atrasada em relação ao meu cronograma... Estava sem inspiração. Acho que é porque agora eu só penso em ir embora... Sexta que vem é o dia!

O tema do post de hoje é minha pesquisa de tese! Então, sobre o que é minha tese?

Apesar de graduada em jornalismo, minhas pesquisas (falo no plural para incluir o TCC, a dissertação, a tese e os grupos de pesquisa dos quais participo, na PUC e na UFRGS, e de que participei, na UFSM) são sobre Comunicação. Mais especificamente, sobre telenovela (com exceção apenas do projeto da PUC, coordenado pela minha orientadora).

Na tese, minha pesquisa é sobre o papel da classe social na recepção de novela por mulheres. Investigo em que medida fazer parte de classes sociais diferentes - no caso, da classe média e da classe "batalhadora" (classe C em ascensão ou "nova classe média") - acarreta em um consumo diferente da telenovela e da mídia.

Uma das questões centrais do meu trabalho diz respeito ao momento econômico do Brasil, que permitiu que muitas pessoas ascendessem socialmente. Porém, não chamo essa "nova classe" de  classe média, porque de acordo com os autores que estudo essa ascensão não lançou as pessoas à classe média, pois classe significa mais do que renda, significa um capital cultural, questões de educação, lazer, enfim, aspectos que essa "nova classe" não compartilha com a estabelecida classe média. Um dos autores que uso chama esse classe de batalhadora, pois o que caracteriza sua ascensão é um acúmulo de trabalho e muito esforço. São, na verdade, a classe trabalhadora. Também importa o fato das minhas pesquisadas serem mulheres. Assim, vou estudar questões de identidade feminina, mas sempre atrelada com a classe social e a mídia.

Resumindo, minha área de pesquisa se preocupa em entender o papel da mídia na sociedade, investigando o que as pessoas fazem com o que consomem. No meu caso, estou estudando como isso que "as pessoas fazem com o que consomem" varia (ou não) de acordo com a classe da qual essas pessoas (mulheres) fazem parte. É um trabalho que eu adoro.

Para a minha qualificação, que defendi em agosto do ano passado, fiz algumas entrevistas com mulheres de classe batalhadora e de classe média. Essas entrevistas foram muito úteis e pretendo continuar a pesquisa com essas mulheres. Além dessas, incluirei outras mulheres, mas minha amostra não é grande, pois é um trabalho bastante qualitativo. Quando eu voltar (começando praticamente no dia seguinte à minha chegada), o principal é desenvolver a pesquisa de campo, ou seja, fazer entrevistas, assistir novela com essas mulheres e etc.

No meu período aqui, foquei nas questões de metodologia e em leituras sobre classe. Assim, voltando a Porto Alegre tenho os subsídios para fazer a pesquisa empírica. Na verdade, eu poderia ter feito a mesma coisa no Brasil, mas estando aqui contei com as orientações de outro professor (outra visão, outras experiências) e pude aproveitar para me abastecer de bibliografia que seria de difícil acesso no Brasil - digitalizei livros que podem me servir, comprei outros, baixei muitos artigos.

Sobre as orientações do meu professor aqui, especialmente do último mês, têm sido muito útil. Ele pesquisa questões bem parecidas e tem bastante experiência de pesquisa empírica. Durante algumas conversas nossas, me animava tanto que pensava "essa orientação valeu a minha vinda".

Agora, terei muito trabalho quando voltar, porque a essência da minha tese é o empírico, ou seja, o que essas mulheres me dirão e o que farei com isso. Todas as leituras, além de terem um lugar específico na tese, vão ajudar a coletar e a interpretar os meus dados, que são nada mais nada menos do que tudo que resultar das conversas e do convívio com as minhas pesquisadas.

Pesquisa em Comunicação nos EUA
Comentei no último post que tentaria falar algo sobre a pesquisa na pós-graduação em Comunicação aqui. Bem, o que meu orientador diz é que é muito difícil conseguir verba para pesquisa, e que, basicamente por isso, é pouco comum haver grupos de pesquisa na Comunicação. Ou seja, não é aquela coisa Primeiro Mundo que imaginamos.

No caso do Brasil, para quem não está ambientado, as verbas também não são comuns, mas existem (claro, nos EUA também existem). Com alguma frequência, abrem editais, específicos ou gerais, para financiar pesquisas. Um exemplo é o projeto de pesquisa da minha orientadora na PUC, sobre mídia e mulheres (falando genericamente), que recebeu uma verba de R$ 50 mil de um edital do CNPq (agência de fomento à pesquisa do governo brasileiro) para realizar uma pesquisa por dois anos (acabou agora). Além disso, os pesquisadores ganham uma bolsa mensal, que complementa o salário, para apoiar a pesquisa (basicamente, quanto mais produtivo o professor-pesquisador, maior a bolsa, existindo seis categorias de pagamento, que vão de R$ 1.100 a R$ 2.800).

O que conversei com meu orientador aqui sobre a pesquisa em Comunicação no Brasil, especialmente sobre a entrada dela em outros países, é que o problema é que os pesquisadores brasileiros dificilmente publicam em revistas científicas internacionais, especialmente por causa da barreira da língua, mas não só. Acabamos produzindo para nós mesmos, e deixamos de ser consultados, como deveríamos. *Se quiser saber mais sobre este assunto, indico esse texto: http://revistapesquisa.fapesp.br/2013/02/11/conhecimento-ilhado/

Mas sobre o nível dos doutorandos, não percebi grande diferença em relação ao Brasil. No Brasil, há programas em que os alunos fazem menos pesquisa, especialmente aqueles de universidades particulares, em que a maior parte dos alunos precisa trabalhar para pagar o doutorado e acabam se dedicando menos à pesquisa. Aqui os alunos trabalham na própria universidade, dando aula, e isso não exige tantas horas, então acabam tendo mais tempo para pesquisa. Mas, especialmente nas federais brasileiras, costuma haver essa dedicação à pesquisa, e bastante produção de qualidade, com muita apresentação de trabalho por mestrandos e doutorandos em congressos, assim como publicação de artigos em periódicos. Um nível parecido, ao que me pareceu. Em sala de aula, achei eles bem esforçados, mas o conhecimento acumulado, o nível das discussões, me decepcionaram um pouco. 

Rápidas:
1) O título do The Voice (que acompanhei desde o ínício, em março) já veio para o Texas. Agora falta o título da NBA. No momento, a melhor de 7 está 3 a 3. Quinta é a grande decisão. Na torcida pelo San Antonio Spurs.


Vencedora do The Voice, de Cypress, Texas, a pouco mais de 100 km de College Station (sim, agora sou bairrista com o Texas também! E o que mais gostava no programa era a "conterrânea latina" Shakira).

2) Quinta-feira (20-06) haverá ato em College Station em apoio aos protestos no Brasil. Há 100 pessoas confirmadas na páginas do evento no Facebook, não sei se todas irão, mas também podem aparecer outras... Muitos brasileiros daqui têm uma ideologia política bem diferente da minha (com exceções, felizmente), mas o ato é válido de qualquer forma.

3) Nos jornais brasileiros, a cobertura diz que os jornais do mundo inteiro estão dando destaque às manifestações - ouvi falar exatamente isso no Jornal Nacional hoje (que assisti via TV online na internet). Bom, tenho visto a Espanha dar bastante espaço, especialmente o El País, e os grandes jornais dos EUA não deixam por completo de falar, mas é pouco, para mim, pouquíssimo, dado o tamanho do que está acontecendo. Talvez se eles se importassem mais com futebol e com a Copa das Confederações - que colegas americanos não sabiam direito do que se tratava -, estivessem mais ligados, ou, claro, se fossem menos autocentrados. A questão é que desde ontem deixei a TV ligada na CNN por horas a fio para ver se falariam sobre, e vi apenas um flash de uma repórter em São Paulo, por uns dois minutos, no máximo. Eu acho a TV um termômetro mais importante do que os jornais online porque não diferencia o interesse das pessoas, isto é, se passar na TV, quem estiver assistindo vai ficar sabendo. Na internet, se não ganhar destaque, as pessoas no máximo vão olhar a chamada e se não estiverem interessadas, não vão se informar. Sexta-feira os americanos do meu convívio não sabiam do acontecido até quinta-feira. Sobre esta semana, não sei dizer.

Protesto no Rio de Janeiro, 17-06-13.


sexta-feira, 7 de junho de 2013

Doutorado sanduíche: é bom saber

Continuando a falar sobre burocracias e dúvidas que envolvem a saída para o doc sanduíche, destaco alguns itens que acho que geram dor de cabeça ou curiosidade antes de partirmos. Muitas outras dúvidas estão respondidas no site da Capes, na seção de Perguntas frequentes, para a qual há link no final do post.

O orientador
- O papel do orientador estrangeiro no doutorado sanduíche varia muito. A maioria dos relatos dos conhecidos que fizeram sanduíche é de que não recebiam muita atenção dos professores - em casos mais extremos, há apenas um encontro inicial e nada mais. Para alguns, é um semestre totalmente autônomo, para outros, o contato continua com o orientador brasileiro. *Sempre é bom não sumir do verdadeiro orientador, dar satisfação de vez em quando não faz mal nenhum*. Às vezes, o professor estrangeiro insere o doutorando em seu grupo de pesquisa, realizando ou não orientações individuais. Em outros casos, realiza reuniões periódicas com o estudante, inclusive pedindo "tarefas" para o aluno. Aqui, como a maioria dos brasileiros está em áreas que funcionam por meio de laboratório, os doutorandos passam a fazer parte da equipe, na maioria das vezes, colaborando na pesquisa do orientador, que pode ou não servir para a tese do doutorando. No meu caso, não tenho encontros regulares com meu orientador, mas nos reunimos várias vezes desde que estou aqui, com conversas muito produtivas sobre a minha tese, mesmo que sejam durante o almoço. Como ele nunca recebeu um aluno nessa mesma situação (são exceção os professores estrangeiros que têm experiência em doutorado sanduíche), ele não sabe o que espero dele, e sempre me pergunta "como eu posso te ajudar?". Eu não sei o que responder para ele, também não sei exatamente como ele pode me ajudar, mas o fato é que nossas conversas sobre a minha pesquisa sempre levantam questões bem importantes e me ajudam muito. Além disso, aproveito para esclarecer várias curiosidades, especialmente sobre a pós-graduação nos Estados Unidos. *No meu próximo post, sobre a minha pesquisa, vou tentar falar um pouco sobre a pesquisa em Comunicação na pós-graduação aqui.

Questões financeiras
- No final de 2012, foi divulgada uma portaria em que a Capes autoriza o pagamento de um valor complementar para os estudantes que irão para cidades consideradas de alto custo de vida. O complemento é de 400 dólares nos EUA ou 400 euros para países europeus (e outros valores conforme a moeda do país). Entre as cidades que estão nessa lista, Nova York, Los Angeles, Londres, Paris, várias cidades da Noruega e da Suécia e outras mais. Veja a lista completa, e a tabela geral de benefícios, aqui. Essa complementação é justíssima, porque é claro que existem cidades muito mais caras para viver. Essa mesma portaria aumentou o valor do auxílio-instalação, por exemplo, e fui pega de surpresa ao receber o montante, já que no site da Capes o valor divulgado era a metade. Que ruim....

- Antigamente - não se até quando, mas isso mudou há uns aninhos -, o doutorando que permanecia mais de seis meses no sanduíche poderia receber um auxílio-dependente (cônjuge, filho). Hoje isso não existe mais, apenas para quem faz doutorado pleno no exterior.

- A Capes ou o CNPq não cobrem despesas com visto. Se você pretende ir para os Estados Unidos, reserve US$ 360 para as taxas do visto - US$ 160 para a taxa padrão, que todos os brasileiros pagam para fazer o visto, e US$ 200 para a taxa SEVIS, que é específica para vistos de estudante. Fora isso, se você não mora em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília ou Recife (como falei aqui, em 2014 Porto Alegre deverá contar com um consulado. Belo Horizonte também deve ganhar um consulado em breve), também precisará arcar com os custos de viagem a esses lugares, considerando que é preciso passar ao menos uma noite na cidade, pois o visto é feito em dois dias, um para a triagem no CASV (Centro de Atendimento ao Solicitante de Visto) e outro para a entrevista no Consulado. Não é possível marcar os dois no mesmo dia, mas sim em dias consecutivos ou com dias de intervalo entre um e outro, se for melhor. Mas dá para contar com o auxílio-instalação para mais ou menos cobrir esse valor, pois não é preciso gastar US$ 1.300 com a chegada, a menos que você mobilie por completo um apartamento ou conte com esse dinheiro para comprar um carro (mas o valor do carro volta depois, vendendo-o antes de ir embora). Mas claro, isso depende de como cada um vai distribuir o dinheiro, eu considero que usei esse valor para comprar um notebook e um smartphone logo que cheguei.

Viagens
- Quase todo mundo aproveita para viajar durante o período fora, claro. Na teoria, é preciso comunicar a Capes antes de qualquer viagem, mas na prática não funciona assim, não para viagens nacionais. Quando envolve viagens internacionais, é melhor não arriscar. Há uma área no sistema da Capes para fazer comunicações gerais, incluindo essas. O escritório internacional da Texas A&M informou que caso fôssemos sair dos EUA durante o período do sanduíche, deveríamos passar na unidade para eles darem o OK no DS. Isso sim seria indispensável, pois todo cuidado é pouco em relação ao visto americano... Perguntei se isso seria necessário no meu caso, que vou ao México antes de voltar ao Brasil, mas a responsável pelos alunos estrangeiros informou que como meu período já terá acabado e não retorno para os Estados Unidos, não há necessidade desse registro. No sistema da Capes, preenchi um formulário comunicando que meu retorno será pelo México e só. 

- Vale destacar que não é tão barato viajar dentro dos Estados Unidos, não se consegue preços de passagens áereas como os da Europa (não sei de experiência própria, mas de fonte segura, que na Europa viajar de avião pode ser bem em conta). Por outro lado, para quem tem carro (e de preferência, companhia), sai barato ir para locais não tão distantes aqui. Quem vai ficar seis meses ou mais nos EUA, vale considerar a hipótese de comprar um carro. Para nós, parece algo tão complicado, ainda mais para fazer em outro país, mas não é, nem caro. Também se consegue passagens de ônibus por preços baixos (Megabus, Greyhound Express...), mas as linhas são mais restritas que no Brasil.

Para quem vem para os EUA
- Para quem está vindo para os Estados Unidos, sugiro que não se preocupe em comprar coisas para trazer, como roupas de inverno, produtos de higiene e beleza, produtos eletrônicos, etc. Mesmo pagando em dólar, o custo disso costuma ser menor aqui. Claro, é preciso dar uma procurada, então é bom vir com o básico para não ter que sair comprando assim que chegar, já que às vezes demora um tempinho até se descobrir os melhores lugares para comprar. No meu caso, recebi US$ 200 da agência do seguro-viagem/saúde para compras emergenciais por minha bagagem ter extraviado (chegou dois dias depois), e acabei fazendo compras na primeira loja que encontrei porque não podia ficar fazendo "pesquisa de preço". Hoje, conhecendo a cidade, teria gasto esse dinheiro bem melhor...

Resumindo... Os 10 passos do processo de Doutorado Sanduíche (CAPES)
1) Ser aceito por um professor no exterior;
2) Ter a qualificação aprovada (se isso é requisito do seu programa, não é exigência da Capes); 
3) Ser aprovada pelo programa onde realiza o doutorado; 
4) Incluir os documentos (1ª leva de documentos - em amarelo) no sistema da Capes; 
5) Aguardar que a área responsável na universidade homologue a candidatura junto à Capes; 
6) Receber a carta de concessão da Capes; 
7) Estados Unidos - fazer o pedido do DS2019 para a universidade estrangeira para onde vai; 
8) Estados Unidos - com o DS em mãos, encaminhar o visto americano J1 (preencher o formulário DS160, agendar CASV e Consulado; comparecer a esses lugares; aguardar o recebimento do passaporte com o visto, que agora está sendo enviado pelos Correios, sem os problemas que relatei ter passado).
9) Incluir o restante dos documentos no sistema da Capes, entre eles, o visto (2ª leva de documentos - em rosa);
10) Aguardar a implementação da bolsa (enviados todos os documentos, é possível viajar no dia seguinte, mas o pagamento só virá após a implementação, mas se você enviou todos os documentos necessários antes de viajar, receberá todos os benefícios).
Ilustração da Capes sobre os passos do processo (aqui)

... 

O site da Capes oferece uma seção de Perguntas Frequentes com vários esclarecimentos, mas que mesmo assim não chega a ser completa. Vale a visita (aqui).

Posts em que falei sobre o "caminho até o doutorado sanduíche" (só clicar) 
- O longo caminho até o doutorado sanduíche (o mais acessado do blog!) 

- O mundo como opção 

- Uma "blogueira" sofrendo de curiosidade

Posts em que falei sobre a "novela do visto americano" (só clicar) 
-  A novela do visto

- Porto Alegre no mapa BR-EUA



segunda-feira, 3 de junho de 2013

Uma "blogueira" sofrendo de curiosidade

Eu não sei se vocês notaram que, há cerca de um mês, habilitei uma ferramenta que mostra a origem das visitas, na lateral à direita (mais abaixo). Tenho achado divertido saber de onde as pessoas acessam o blog, mas fico super intrigada, porque tem lugares muito diferentes, e às vezes entendo que seja um leitor mais recorrente, pois a cidade aparece com frequência (claro, pode ser coincidência).

Eu não fico "fiscalizando" a entrada das pessoas, fiquem tranquilos, mas quando entra alguém de Santa Maria, Porto Alegre, Chapecó, Londrina, Caxias do Sul ou Pelotas, sei quem são. Das três primeiras cidades até não tanto, porque conheço mais gente que pode ser que leia o blog, mas as três últimas, não tem erro.

A cidade que mais me intriga é Mountain View, Califórnia, que aparece com alguma frequência. Querido leitor da Califórnia, se vocês estiver lendo, e entendendo, por favor, dê um oi no comentário desse post e acabe com a minha curiosidade!! Todo mundo mais que quiser se identificar via comentário, eu agradeço, ajudará essa "blogueira" curiosa (*eu coloco o blogueira entre aspas porque, apesar de ter um blog, não me considero blogueira, no máximo alguém que tem um blog por um período, provavelmente, temporário).


"Controle de tráfego" na barra à direita.
 
Além disso, é possível saber como a pessoa chegou até o blog, e muita vezes esse desembarque se dá pelo Google. Dar uma olhada nos termos buscados que levam ao meu blog é bem interessante. O tema que mais traz ao blog são dúvidas sobre doutorado sanduíche, o que é super compreensível. Também buscas por doutorado de forma mais geral (tipo, "como começar o doutorado", "conciliar doutorado e trabalho" - se descobrir como, me conta) e questões envolvendo o visto. Há alguns tópicos bem específicos, que apareceram em só um post, como o "fim do visto americano para brasileiros" e o consulado americano em Porto Alegre, através das buscas "quando vai abrir o consulado em Porto Alegre" e, o meu preferido, "como trabalhar no consulado de Porto Alegre" (certamente essa pessoa não encontrou a resposta aqui, mas é uma boa questão...).

Doutorado sanduíche: dois esclarecimentos (para começar)
Em relação às buscas sobre doutorado sanduíche, vi questões das quais não falei aqui, e vou tentar responder essas "dúvidas", e depois trazer outros esclarecimentos que podem ser úteis. E quem quiser perguntar algo, fique à vontade para usar os comentários (post muito interativo hoje, vamos ver se alguém sem ser Joice, Maúcha e Eduardo comentam, mas, claro, vocês três não me abandonem). Sou muito grata aos que me ajudaram, e mesmo assim fiquei perdida em muitos momentos, então sei como é importante.

"Como entrar em contato com o professor" - Como se imagina, um dos primeiros passos para o sanduíche é contatar e receber o aceite de um professor da universidade para onde se deseja ir. O melhor é que esse professor tenha contado com o seu orientador, isso facilita tudo, desde o contato à relação e etc. Também vale a pena pedir indicações de outros professores brasileiros que você conheça que pesquisem na mesma área. Mas não deixa de ser uma opção buscar um desconhecido (que pode ser conhecido/famoso, mas de preferência não muito, porque esses até podem aceitá-lo, mas costumam não dar nenhuma atenção) do qual já leu algo, ou, em último caso, buscar o corpo docente nos sites das universidades, e entrar em contato com algum professor com o qual encontre afinidade no tema de pesquisa. Nesse caso, ele poderá não aceitar, mas explicando bem o funcionamento, costumam aceitar. Essa última opção é mais comum entre estudantes que escolhem para onde vão pela cidade, e não pelo orientador. É importante explicar a parte burocrática para o futuro orientador, deixando claro que é como se não houvesse vínculo com a universidade - embora haja de certa forma, pois é preciso que a universidade aceite o aluno estrangeiro -, que você não irá ser "aluno da universidade", não se matriculará em disciplinas, e que os custos serão pagos pelo governo do Brasil. O orientador só precisa enviar um minicurrículo e uma carta de aceite, em que consta o período do sanduíche e em que afirma que o aluno domina a língua do país para onde vai.

"No primeiro mês não recebe" - O pagamento do bolsista de doutorado sanduíche é relativamente confuso, mas depende basicamente da implementação da bolsa, que ocorre depois que todos os documentos exigidos pela Capes (aqui) já foram enviados. Com isso pronto, uns 15 ou 20 dias depois eles costumam depositar o valor dos auxílios (deslocamento, instalação e saúde) e os três primeiros meses de pagamento, mesmo que o bolsista ainda demore a viajar. Tem brasileiras aqui que receberam esse valor seis meses antes de viajar (sorte dessa gente que estava com tudo pronto com tanta antecedência). Como eu só consegui concluir o envio dos documentos dois dias antes de viajar (verdade! só consegui enviar o visto digitalizado dois dias antes de partir), minha bolsa foi implementada, e recebi o pagamento, depois de estar aqui. Recebi um e-mail informando que eu receberia a primeira parcela (auxílios e três meses de bolsa) na minha conta no Brasil. Mas não adiantava muito eu receber no Brasil, pois eu precisava do dinheiro aqui. Então, respondi o e-mail perguntando se não teria como fazer o pagamento na conta daqui, e foi possível. Tive que comprar passagem e arcar com todos os gastos iniciais sem ter recebido, mas depois veio tudo junto (e me senti rica!). Então, não tem isso de "não receber no primeiro mês", pode receber até antes. E os pagamentos são feitos de três em três meses. No meu caso, não recebo o segundo auxílio deslocamento, que é para quem fica um ano comprar a passagem de volta.

*Dica: para quem vai ficar um ano, não há como comprar a passagem de volta junto com a de ida, porque não há como comprar passagem de avião com essa antecedência toda. Em relação ao valor, comprar só um trecho (só ida ou só volta) sai praticamente a mesma coisa que ida e volta juntas (muito quase a mesma coisa ou, às vezes, a mesma coisa). Então, uma dica para economizar é comprar a passagem de volta para uma data "fictícia", o mais distante possível, e depois remarcar. Me disseram que se você comprar a passagem como estudante (por agência de viagem), a remarcação sai cerca de US$ 100, então vale super a pena. Se a remarcação for por sistema normal, sai bem mais. Da mesma forma, você receberá o valor para o retorno, porque é assim que a Capes funciona, os valores são fixos, independente se custar mais ou menos, não há complementação para o aluno nem devolução para a agência.

Essas foram as duas questões que vi que foram buscadas sobre as quais não tinha tratado ainda no blog. Mas ainda esta semana faço outro post com mais "esclarecimentos" sobre o sanduíche. Vou parando por aqui porque o texto já se alongou bastante, e daí a gente guarda um pouco para outro dia ;-)

*Vale ressaltar que esse é o funcionamento da Capes, mas com o CNPq é praticamente a mesma coisa. Já outras agência de fomento, como a FAPESP, não são bem assim, e nesses casos essas explicações podem não ser muito úteis.

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Como uma boa "americana temporária", destaco: Miami Heat na final da NBA! Apesar do carinho por Miami, minha torcida vai ser para o adversário, o texano time San Antonio Spurs, que além de ser do "Lone star state", como eu (haha), tem um brasileiro, como eu (agora sim), o Tiago Splitter. San Antonio está no roteiro da "viagem de despedida", vamos passar o 4 de julho lá, inclusive, e espero que seja a cidade do campeão de 2013 da NBA!

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Outros posts em que falei sobre o "caminho até o doutorado sanduíche" (só clicar) 
- O longo caminho até o doutorado sanduíche (o mais acessado do blog!) 

- O mundo como opção

- Doutorado sanduíche: é bom saber