domingo, 17 de fevereiro de 2013

As inúmeras tradições da Aggieland

As tradições da A&M são importantíssimas para a universidade e já duram muito tempo, algumas delas são centenárias. Elas servem para cultivar o "Aggie Spirit". A maior parte delas está relacionada com a vida militar ou com o esporte. Eu acho bacana, mas se esta fosse "a minha universidade" não sei se teria orgulho de tantas tradições ou se acharia cansativo, porque é meio demais...

Howdy - a mais simples de todas, e vista sim como tradição por eles, é o cumprimento howdy! Significa um pouco mais que um oi, é algo como "oi, tudo bem?". De fato, falam muito por aqui, e também estampa camisetas, faixas... É um cumprimento simpático, eu diria.

O anel - é um anel de formatura, que também pode ser ganho na pós-graduação. A tradição existe desde 1894. Os graduados na A&M de fato usam o anel - que, com todo respeito, é meio brega, estranho ver alguém, homem ou mulher, com esse anelzão. Mas a ideia é que em qualquer lugar do mundo você reconheça um Aggie pelo anel. Na Tamu há uma réplica gigante do anel. Quando eu passar por lá, tiro uma foto e substituo essa que copiei da internet.

Aggie ring

Réplica gigante do anel na A&M


Homenagem a alunos mortos - Descobri por acaso uma tradição da qual já "participei" e não entendi. No início do mês, saí do prédio do departamento umas 21h30, e não havia luz na rua, estava completamente escuro. Achei que tinha faltado luz, mas estranhei que dentro dos prédios as salas estavam iluminadas. Pesquisando, descobri que na primeira terça-feira de cada mês, quando no mês anterior algum aluno da A&M morreu, eles fazem uma homenagem, desligando as luzes e acendendo velas em frente a uma estátua. Não passei pela estátua, mas por um grupo de cadetes marchando, vestidos de branco. Agora sei que eles seguiam para a homenagem, e que às 22h15 disparariam tiros e tocariam cornetas. Mês que vem eu fico mais atenta e deixo pra pegar o ônibus mais tarde para acompanhar. ...Por isso só eu estava incomodada com o fato de não ter luz...

Penny para Ross - penny é a moedinha de 1 centavo, e Ross foi o reitor da universidade (chamam president) responsável por mantê-la aberta. Como comentei no último post, na década de 1880/90, após a criação da Texas University, queriam fechar a A&M, pois não viam necessidade de haver duas instituições públicas de ensino superior no estado. Há uma estátua do Ross e antes das provas mais difíceis, os alunos deixam moedas de 1 centavo aos pés do ex-reitor, para terem sorte nas provas. Vou deixar umas muitas moedinhas lá antes de ir embora para ter sorte na tese!


Estátua de Lawrence Sullivan Ross com algumas moedinhas

The 12th man (o 12º homem) - conheço um time pelas bandas do RS (que não citarei o nome no meu blog) que tem ou tinha uma torcida com praticamente esse nome. Bom, assim como no nosso futebol, no americano são 11 jogadores e, portanto, a torcida serve como 12º jogador. No caso da A&M, de fato o "12º jogador" já entrou em campo. Isso aconteceu em 1922, quando um ex-jogador da equipe, que estava na torcida, entrou para jogar porque o time teve muitos jogadores machucados.

The midnight yell (grito da meia-noite) - na noite anterior à realização de qualquer partida da liga de futebol, os torcedores se reúnem no estádio do time (Kyle Field) ou mesmo em algum lugar da cidade onde será realizado o jogo, para cantar o hino, bradarem seus gritos de torcida e etc. Por último, as luzes se apagam e os casais se beijam. Os solteiros podem acender um isqueiro (ou alguma luz) para, quem sabe, encontrar um par... O dia do jogo é dia de churrasco por toda a cidade.
*O estádio tem capacidade para 83 mil pessoas, e praticamente enche nos jogos.




E a minha grande decepção foi descobrir que não poderia assistir a nenhum jogo, nem participar do Midnight yell. A próxima temporada começará no final de agosto e irá até dezembro, e eu vou embora no final de junho. A última temporada acabou dia 04/01, 11 dias antes de eu chegar. Mas, depois de achar que não ia poder assistir a nenhum jogo, descobri que pelo menos vou poder assistir a um amistoso. E melhor de tudo é que o Charles estará aqui e poderá ir comigo. Não sei se antes de amistoso tem midnight yell, mas terá a banda (quem não viu a banda, aqui). Já tá de bom tamanho!

Bonfire (fogueira) - ainda relacionada ao futebol, essa tradição consiste em uma fogueira (que conseguiu o recorde mundial ao alcançar 30 metros de altura) que os torcedores fazem na véspera do jogo contra a Texas University, a maior rival, para celebrar o "desejo ardente de vencer o adversário". Em 1999, 12 estudantes morreram com a queda da fogueira, e, desde então, a prática está proibida na universidade, mas é realizada fora (como o trote na UFSM...). No vídeo sobre a A&M, que coloquei no último post, há uma referência ao fato, mostrando as fotos dos 12 jovens e mostrando a data do ocorrido. Na verdade, o vídeo mostra várias das tradições tratadas aqui.

A árvore centenária - uma das primeiras árvores plantadas na universidade, há mais de cem anos, fica bem em frente ao Bolton Hall, prédio do Departamento de Comunicação. Diz que muitos escolhem o local para pedir a namorada em casamento... Na primeira vez que passei pela árvore, que tem sempre esquilos em volta (mas que não consigo fotografar direito porque são muito assustados e rápidos), não pude deixar de fotografar e ficar observando, é muito bonita.


The Century Tree


Elephant walk - o nome faz referência à caminhada que elefantes que estão no fim da vida fazem em busca de um lugar para morrer. Os seniors, alunos que estão  se formando, caminham pela universidade, abraçados, visitando, pela última vez, os pontos mais importantes da Tamu. A tradicição iniciou em 1922. O evento acontece anualmente, antes do último jogo de futebol da temporada, que costuma ser em dezembro ou janeiro. Mas o mais importante da tradição é que Elephant Walk é o nome da minha linha de ônibus aqui...

Reveille - também conhecida como a Primeira-dama de Aggieland... é uma collie, mascote da A&M. Reveille I reinou de 1931 a 1944. Desde 2008, Reveille VIII é a mascote. No ano passado, morreu a Reveille VI. A Reveille VII está aposentada. Um dos cadetes é designado a cuidar todo o tempo da collie, inclusive levando-a para a aula. E se Reveille latir, algo raro, o professor é obrigado a acabar a aula. Tudo para fazer as vontades da First lady...
Se eu encontrar a Reveille na universidade uma hora dessas, também substituo a foto da internet abaixo.


Reveille, primeira-dama da Aggieland

Os túmulos das Reveilles ficam próximos ao campo de futebol


Alguma dessas tradições eu já vi - o Howdy, o anel, parte da homenagem, a árvore; outras já tinha fica sabendo antes de vir pra cá - as relacionadas a futebol; e outras pesquisei por me gerarem curiosidade logo na chegada, como Reveille, Elephant Walk e Bonfire (apesar de não ter presenciado nenhuma dessas), que são nomes de linhas do ônibus. As tradições são tantas e tão importantes, que só com um mês morando aqui já dá para conhecer muitas delas.

P.S. 1: Falando em tradição, estou louca por um chimarrão! Queria muito poder estudar tomando mate. Alguns vão pensar "sim, ainda mais no frio". Bom, não por isso, já que neste momento faz 22ºC, e frio mesmo, só nos primeiros dias.  
P.S. 2: Com este post, encerra-se a "série de posts de apresentações". Os próximos não falarão exatamente da Aggieland... mas sobre "The Big Apple". Nesta semana, rumo a New York!

2 comentários:

  1. Quantas tradições!!!
    O que acho muito legal nos States é esse sentimento que eles tem pela Universidade em que estudaram! Não que a gente também não tenha muito orgulho da nossa UFSM, mas é diferente, né?!

    ResponderExcluir
  2. É bastante coisa! E tem gente que diz que os americanos não tem cultura...
    Muito legal, abraço!

    ResponderExcluir