quinta-feira, 2 de maio de 2013

New Orleans é uma festa!

De Houston, seguimos, às 23h59 do dia 17 de abril, quarta-feira, para New Orleans. Lembram que comentei de uma empresa de ônibus muito barata que usamos para ir de NYC a Washington (aqui)? Pois fizemos um ótimo uso dela para chegar até New Orleans. Pagamos US$ 2 cada para fazer o trajeto de 560km! E o ônibus ainda chegou antes do previsto, bem antes - o previsto era chegar 6h30 e chegamos 5h45.
 
Não sei se vocês sabem, mas minha outra opção nos EUA para fazer o sanduíche era New Orleans, com uma professora da Universidade de Tulane. Assim, conheci a cidade tendo em mente que poderia ter ido morar lá. Certamente teria muita coisa divertida para fazer, e o campus da Tulane é bem simpático, mas não tem como saber como seria.

Garden District
Chegamos e fomos procurar o bondinho, que, segundo os estudos do Charles, estava perto de onde descemos, e nos deixaria próximo da pousada em que ficamos, no Garden District. O transporte público na cidade até que é bom, embora os bondinhos estivessem um pouco problemáticos nos dias que passamos lá, e o tempo seja outro, porque é bem lentinho. O day-pass custa US$ 3 e permite usar tanto o ônibus quanto o bondinho.


Linha St Charles do bondinho.
Linha Canal, na avenida principal, de mesmo nome.

Ao chegarmos na pousada, ficamos meia hora do lado de fora esperando alguém nos atender, e depois mais meia hora do lado de dentro - aproveitamos a saída de um hóspede -, sem sinal de um funcionário. Quando a funcionária chegou, acho que ficou tão culpada de nos deixar esperando que deu um jeito de já irmos pro quarto. Nossa ideia era apenas deixar a bagagem, já que o checkin seria só às 15h, mas às 7h30 já estávamos instalados. Acabamos dando uma dormida antes de seguir para conhecer a cidade, afinal, uma noite no ônibus não costuma ser algo que propicie uma noite plena de sono (mesmo com a minha experiência), e no máximo teríamos dormido 5 horas.

Pousada St Charles, no Garden District.

Para quem não gosta de lugar "antigo", a pousada que ficamos não é uma boa opção. Ao mesmo tempo, tem um charme, que combina com a cidade. A localização, no Garden District, perto da linha do bondinho, é boa para conciliar facilidade de locomoção e preço. Seguimos a sugestão de um blog, que foi bem realista. O local mais badalado da cidade é o French Quarter, mas os preços dos hotéis são bem mais altos. O Garden District recebe muitos turistas que querem conhecer as construções típicas da cidade. French Quarter e Garden District foram as áreas menos atingidas pelo Katrina.


Casa no Garden District.

Umas das bibliotecas públicas da cidade, também no Garden District.

Jazz e voodoo 

A cidade é cheia de história e cultura, e, sendo uma cidade turística, isso está bem visível para qualquer um. A música, especialmente o jazz, está por toda a parte.




No dia em que chegamos, demos sorte de estar visitando o Parque Louis Amstrong - ícone do jazz e nascido em Nola (para os íntimos) - e descobrir que mais tarde naquele dia haveria um festival de jazz. Demos mais uma volta pela cidade e voltamos para o parque para acompanhar. 


Estátua do amigo Louis, no parque em sua homenagem.

Fazendo um jazz no parque Louis Amstrong.

Jazz no parque.

A colonização francesa (primeiro) e espanhola (depois) também está em destaque, em nomes de ruas e praças. A influência africana também é presente. As lojas com souvienirs de voodoo são comuns, assim como os museus sobre o tema - pensamos em comprar uma lembrancinha bem popular, aquelas bonequinhas de vodu, mas não tínhamos quem nem porquê agulhar alguém, e não compramos rss.


Diversas placas na cidade mostram o nome das ruas enquanto a cidade era espanhola.

Loja de souvernis macabros.

Mais uma loja simpática..

O Katrina

New Orleans é cercada por 560km (a mesma distância de Houston) de diques. Esses diques protegeriam a cidade de um furacão de categoria 3. No entanto, o Katrina chegou à força máxima de um furacão, alcançando a categoria 5. Com as investigações posteriores, descobriram que os diques não aguentariam um fucarão de categoria 1.

Na manhã do dia 29 de agosto de 2005, o Katrina atingiu New Orleans com ventos a 200km por hora. Após o rompimento de vários diques, 80% da cidade ficou embaixo d'água. Morreram mais de 1.300 pessoas. 500 mil ficaram sem casa. Foi o pior desastre natural da história dos EUA. Foram precisos 43 dias para secar a cidade, com o trabalho do exército e a ajuda do sol.

Se quiserem relembrar/saber mais, e entenderem inglês, indico o documentário da BBC sobre a "cidade perdida" (Lost City of New Orleans) e o programa da NBC sobre "o que deu errado" (What went wrong). Mas o essencial, que acho que todo mundo lembra, é que a ajuda demorou muito, e a postura do governo federal (o "conterrâneo" Bush) não foi das mais elogiadas.

Um dia antes de irmos à região mais atingida pelo Katrina, visitamos o Museu do Estado da Lusiana, que, em grande parte, trata sobre o desastre causado pelo furacão. Poucas vezes me interessei tanto por um museu. Embora não tenha sido de propósito, foi muito útil para a visita do dia seguinte. Ficamos sabendo, por exemplo, o significado das marcações na frente das casas. O museu também tem uma ala dedicada a contar a história do Mardi Gras, ou, terça gorda, o nosso carnaval. Volto a falar um pouco a respeito logo mais.

A região de Lower 9st Ward fica às margens de um canal que teve um dos primeiros diques a romper. Oito anos depois, o que pudemos ver é que a área ainda não se reconstruiu. Há quadras inteiras vazias, só tomada pelo "mato", onde fica claro que haviam casas. Como numa das fotos abaixo, é comum ver apenas as escadas de acesso às casas ou vestígios de alicerces. Isso principalmente nas ruas mais próximas ao dique. Em outras, as quadras não estão vazias, mas há casas ainda destruídas e com as marcações que o FEMA (Agência Federal de Gestão de Emergência) fez nas moradias, registrando data e se encontrou pessoas vivas ou mortas. Há, também, casas bem novinhas e outras em construção. Talvez nos anos seguintes ao Katrina houvesse turistas visitando a região, mas na ocasião, nem vestígio de outros além de nós. Existem alguns tours dedicados a conhecer áreas devastadas pelo furacão, mas não são nem de longe tão populares quanto outros pela cidade.


Distrito de Lower 9st Ward.

Casa atingida, com marcação da FEMA.

Casa atingida, com marcação da FEMA.

Aqui havia uma casa.

O Super Dome, estádio de futebol americano do New Orlens Saints, que joga a NFL (Liga Nacional de Futebol), recebeu muitas pessoas que não saíram da cidade antes do Katrina. Em poucos dias, a situação no estádio ficou tensa, sem comida, água, higiene...

Super Dome. Fechado :(

Monumento ao "Renascimento", registrando o primeiro jogo no estádio, um ano após a passagem do Katrina.

E por que o desastre foi tão grande? Basicamente porque a cidade é cercada por água. E de onde vem toda essa água? De dois dos lugares mais bonitos da cidade, o Rio Mississipi e o Lago Pontchartrain.

Pôr-do-sol no Lago.

O Rio Mississipi é o mais importante dos EUA e o segundo maior em comprimento do país, atravessando-o de norte a sul. Fizemos um ótimo passeio pelo Mississipi num barco a vapor clássico.

Nosso barquinho.

Muito vento.

Roda de pás ou roda de água do barco.



French Quarter e Mardi Gras
E, por fim, mas não menos importante, a parte mais divertida da cidade: o "quarteirão francês". São ruas e ruas de bares e restaurantes. Especialmente a Bourbon St, fica cheia de noite, mesmo em dia da semana, sem nenhuma data especial. Entre os símbolos do "carnaval" estão os colares coloridos usados nos festejos. Simplificando, funciona mais ou menos assim... As meninas animadinhas que mostram os peitos para o pessoal nas sacadas da rua Bourbon ganham colares. O pessoal na verdade joga colares pra qualquer um, mas se levantar a blusa é garantido. Testemunhamos o fato... deu pra dar risada. (ninguém vai pensar que fui eu né? haha)

Sacadas na rua Bourbon, no French Quarter.

Eu e o Louis usando os colares.

Faltavam 319, mas agora faltam 305 dias para o Mardis Gras!


Rápidas:
1- Por US$ 55 (por pessoa), há um tour a plantations típicas da Luisana. Deve ser bem legal, mas sai 220 reais pro casal....

2- Como se vê nas fotos, em um dia eu estava usando blusa curta e shortinho, e, no outro, jaqueta e echarpe. No primeiro dia, estava quente, mas no segundo, choveu e esfriou muito. Se minhas roupas de frio não estivessem na mala, voltando pra casa com o Charles, teria passado apuros, porque as previsões do tempo não me preparam para as temperaturas baixas. No terceiro dia esquentou um pouco, e o clima ficou ameno.

3- Passamos a viagem toda tentando falar New Orleans e Louisana como eles. Muito difícil!

Obs:  Bom, como vocês devem ter notado, não fui linear neste post. Tentei contar a história da viagem de outra forma, basicamente guiada por fatos e lugares envolvendo o Katrina. Assim acho que falo mais da cidade e menos do nosso passeio propriamente. Até porque, para quem quiser conhecer New Orleans, diferente de New York, não precisa ter tanto uma lógica para conhecer a cidade, não é preciso medir tão bem o tempo, e as coisas também não são tão no caminho umas das outras. Tudo é festa em New Orleans (fora os furacões)...

Próximo destino: Flórida!

5 comentários:

  1. Pra mim, os dois momentos tops do post (mesmas letras hehe)foram saber que vocês andaram de barco a vapor e a tua carinha encostada vendo a apresentação de rua. Adorei!!!!
    bjs

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    1. Muito boa a cara dela no vídeo!! Ela sabia que tava sendo filmada, né?!
      Tá sentindo pressão, Lili?? hehehhe

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  2. Very nice! Mais um lugar para colocar na lista de cidades a serem visitadas. Puxa, nem lembrava mais da gravidade do Katrina. Loucura.
    Abraço!

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