domingo, 12 de maio de 2013

Feliz dia, mãe!

Desde os 20 anos de idade, a principal ocupação da minha mãe era cuidar das suas meninas. Uma, duas, e quando ela tinha a minha idade, já eram as três. E assim foi por muitos e muitos anos. Primeiro em Candiota, depois em Santa Maria, cuidando das três gurias, e também da casa e do marido.

Pra quem vive a vida toda muito em função dos filhos, deve ser muito difícil o momento em que os "bichinhos" seguem seu rumo. Mas ela nunca foi superprotetora e sempre nos apoiou totalmente a construirmos o nosso caminho. Primeiro, foi a filha do meio, que saiu de casa com 21 anos, em 2005, para fazer o mestrado em Porto Alegre. Todos sentimos falta, mas a casa ainda estava cheia. Tinha a mana mais velha e o noivo, eu e o Charleco.

Meio ano depois, em julho, a filha mais velha, com 24 anos, casou e foi morar em Londrina para fazer o doutorado. Não era pegar o Planalto e chegar em quatro horas. Minha mãe e meu pai sentiram bastante, deu uma gripe generalizada depois que ela viajou, dois dias depois do casamento, que até hoje a gente não sabe se foi o friozão que tava no dia do casamento ou um "efeito colateral". Sobrou eu!

Fui "filha única" por dois anos e meio. Então, ganhei um irmãozinho rss. O meu cunhado, irmão do Charles, morou de março a dezembro de 2008 com a gente, no primeiro ano de faculdade dele. Como diziam minha irmã mais velha e seu marido, o filho da dona T. Se bem que o genro mais velho e o "mini-genro" já eram os filhos da dona T., de tanto que ela gosta desses meninos.

Depois fiquei mais uma ano de filha única. Eles só tinham a mim para se preocupar e também só tinham a mim para ajudá-los. Sim, porque em tempos de ditadura da tecnologia, um jovem é uma coisa muito preciosa numa casa. Meu pai, gostava de baixar músicas e fazer outras coisas na internet, e contava com a minha ajuda. Minha mãe, então, fez uma faculdade à distância, com quase nenhuma experiência com computadores (fez um curso antes, mas não ajudou muito), e precisou de todo a minha paciência (que a filha não tinha) para ajudá-la. Sempre que ela ganhava um chocolate, pirulito ou que fosse na faculdade ou no estágio, levava pra mim, pra retribuir as ajudas. Dizemos que eu sou um pouco pedagoga também.

Nos últimos tempos, ela também contava comigo como personal stylist, maquiadora e fonte de empréstimo de acessórios (quem diria, ela que não deixava a gente usar coisas umas das outras, depois que descobriu o valor do empréstimo em família, curtia muito contar com umas coisas minhas). Também não dispensava o serviço de entrega de pastelão, xis e pizza tarde da noite (isso até não faz falta, porque a ausência do casal caçula ajudou ela a emagrecer).

No início de 2010, eu saí de casa também, e fui para Porto Alegre fazer o doutorado. Eles ficaram dois meses sozinhos, e então colaboraram para a formação de mais uma aluna da UFSM. Minha prima morou até o final de 2011 com eles.

Agora, faz três anos que nenhuma filha mora mais com a mamãe e um ano que estão só os pombinhos (que completam 35 anos de casados ano que vem).

Não dá pra dizer que ela estava preparada, mas ela buscou se preparar. Quando eu estava no ensino médio, ela voltou a estudar. Primeiro, cursou o magistério/normal. Depois, fez faculdade de pedagogia, e também estágios. Ainda fez especialização em psico-pedagogia depois que eu fui embora. Com 50 anos, ela teve a carteira de trabalho assinada pela primeira vez.

Minha mãe fez o caminho oposto a nós e à maioria. Primeiro cuidou da gente e da nossa educação, e depois foi atrás de realizar os sonhos dela (além do de ter a família dela, o que fez, junto com o pai, muito bem, criando essas três mulheres maravilhosas...).

Bom, agora, estamos morrendo de vontade que eles se mudem para Porto Alegre, o que não vai demorar muito. Afinal de contas, não tem nada melhor do que ter as pessoas que a gente ama por perto (dizendo a pessoa que voluntariamente está a trocentos mil quilômetros de toda essa gente amada).

Daí, morando na mesma cidade, vai ser mais fácil a gente comer a lasanha dela no domingo, ela fazer arroz com leite pra mim, vermos um filminho no escuro tapadas de cobertor (com sol e uns 25º na rua, para desespero do meu pai), comer uns cachorros quentes feitos por ela (e ela derrubar uma salsicha no café e o mini-genro se lavar rindo dela), falar sobre outras pessoas (mas não de outras pessoas), irmos para um happy hour na Cidade Baixa (foi uma vez e adorou).

As camas das meninas vão continuar vazias na casa dela, mas queremos estar o mais perto possível. Mas, mesmo estando longe, a minha Mi sabe o quanto as filhotas dela a amam, e mesmo com os alvorços naturais da espanholada, continuamos unidas e próximas, bem pertinho, dentro do coração umas das outras.



Como eu gosto de colocar vídeos nos posts, vou colocar o de uma música que pode soar brega, mas que acho bonita e que é a mais obviamente relacionada ao que escrevi.





*E eu acho que o fato de eu estar longe deixa a distância mais clara e as quatro mulheres da casa do Olírio andam bem nostálgicas.


3 comentários: